Paulo Sérgio Santos, 42 anos, foi assassinado no final da tarde deste domingo, 6 de julho, no acampamento quilombola Nelson Mandela, nas proximidades de uma comunidade Quilombola localizada em Helvécia, interior de Nova Viçosa, na Bahia.
(Sul Bahia / Radar 64 / Jornal Alerta)
De acordo com moradores do local, a vítima é líder da comunidade e foi surpreendido por homens armados que chegaram em um carro modelo Gol, cor prata, e desceram atirando em sua direção.
Paulo foi baleado e morreu na hora. O corpo dele foi removido para o Instituto Médico Legal de Teixeira de Freitas para exames de necropsia.
Segundo informações de pessoas ligadas a comunidade, Paulo participaria nesta segunda-feira, 7, de uma reunião com uma empresa de celulose, a Fíbria. A Polícia Civil investiga o caso.
Fibria informa que não tinha reunião agendada com líder quilombola morto
Em nota enviada a jornais locais nesta segunda-feira (07), a Fibria informa que lamenta a morte de um líder do acampamento quilombola Nelson Mandela, próximo ao território quilombola de Rio do Sul, em Nova Viçosa, extremo Sul da Bahia, no último fim de semana. A empresa de celulose diz ainda que espera que o caso seja esclarecido pelas autoridades competentes. Ainda na nota, a companhia informa que não tinha reunião oficial agendada com a vítima, com quem não mantinha qualquer tipo de relacionamento.
Entenda o conflito
Segundo um dos membros do movimento quilombola da região, União de Negros pela Igualdade – Unegro, muitas destas comunidades sofrem a opressão da violência armada comandadas por empresas de segurança contratada pelas empresas de celulose que ocupam mais de 70% das terras quilombolas da região de Nova Viçosa, além, também, da violência empreendida por empresários do agronegócio.
As comunidades denunciam, ainda, que ao longo dos anos assistiram o descumprimento dos mandados constitucionais, o que tem gerado mais conflitos e ameaças à existência física e cultural dessas comunidades. Até março desse ano, foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares 1.845 comunidades quilombolas. Estão abertos 1.264 processos de titulação a territórios quilombolas (alguns na fase inicial), e foram titulados apenas 124 territórios, desses apenas 39 expedidos exclusivamente pelo governo federal, através do Incra e Fundação Cultural Palmares (FCP), somando 995.009,0875 hectares.