A Articulação Popular São Francisco Vivo realizou na última sexta-feira (15.11), em Penedo (AL) uma celebração em comemoração aos 20 anos da peregrinação da nascente à foz do Rio São Francisco. A programação começou às 9 horas na Praça da Igreja Nossa Senhora da Corrente, e se estendeu até as 13 horas, quando os romeiros seguiram até Piaçabuçu, de onde partiram em barcos para a bênção da Foz do Velho Chico.
(Articulação São Francisco Vivo)
Ações em defesa do São Francisco também aconteceram dia 14, no município de Floresta (PE), onde foi realizada a bênção da Adutora do Pajeú, que leva água do São Francisco até a Serra Talhada, beneficiando mais de 80 mil pessoas. De acordo com Ruben Siqueira, da Articulação São Francisco Vivo, o ato é uma crítica à transposição e apoio às obras de pequeno e médio porte propostas pela Agência Nacional de Águas, que realmente atendem às necessidades da população do semiárido.
A Romaria à Foz é uma realização da Articulação São Francisco Vivo e contou com o apoio de movimentos populares, organizações sociais e pastorais das Dioceses de Floresta (PE), Penedo (AL)e Propriá (SE), além da Universidade Federal de Alagoas.
Peregrinação franciscana – Em outubro de 1993, em Piaçabuçu, chegava ao fim uma peregrinação que começou um ano antes na nascente do Rio São Francisco, em São Roque de Minas. Das águas que brotam puras da Serra da Canastra, partiram o então Frei Luiz Cappio, o sociólogo Adriano Martins, o lavrador Orlando Araújo e a irmã Conceição Menezes.
Com a roupa do corpo e uma imagem de São Francisco, os peregrinos caminharam pelas barrancas, ilhas, povoados e cidades do “Velho Chico” com o objetivo de sensibilizar e mobilizar as comunidades locais para a preservação do rio. Ao longo desse percurso, também levantaram os principais problemas socioambientais da Bacia. Ao celebrar os 20 anos da peregrinação, a Romaria à Foz vai cobrar uma autêntica revitalização da Bacia e expor os atuais problemas socioambientais, a exemplo da transposição, do aumento da mineração e dos projetos de energia, além da expansão do agronegócio.
Greves de Fome – Dom Luiz Cappio notabilizou-se nacional e internacionalmente pelas duas greves de fome que fez contra o projeto de transposição. A primeira, em Cabrobó (PE), em 2005, durou 11 dias. A segunda, em Sobradinho (BA), em 2007, chegou aos 24 dias e foi encerrada depois que ele desfaleceu, desanimado com a notícia de que o Supremo Tribunal Federal havia liberado liminarmente as obras. Iniciada há seis anos, a construção dos canais não avança, deteriora-se, já consome mais de R$8 bilhões, mais que o dobro do previsto, e, quando pronta, não irá abastecer a população difusa, que mais precisa.
São Francisco Vivo – A Articulação Popular São Francisco Vivo congrega cerca de 300 entidades na Bacia com o objetivo de fortalecer as ações populares em defesa do rio e seu povo. O projeto começou a ser desenvolvido em 2005, com mutirões de diagnóstico e intercâmbio nas quatro regiões da Bacia: Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco. Em 2007, a São Francisco Vivo liderou as principais ações de enfrentamento do projeto de transposição, a exemplo do acampamento em Brasília por uma semana, com 800 representantes populares da Bacia do São Francisco, da ocupação do canteiro de obras em Cabrobó (PE), com cerca de 1.500 pessoas, e do apoio às greves de fome de Dom Luiz.