O pistoleiro Valdemir Coelho de Oliveira foi condenado pelas juradas que participaram do tribunal do júri realizado ontem em Marabá, Sudeste do Pará. O juiz Murilo Lemos Simão, que presidiu o julgamento, fixou a pena em 16 anos e 8 meses de prisão. O pistoleiro Valdemir assassinou com dois tiros, nas costas, o sindicalista Pedro Laurindo da Silva, no dia 17 de novembro de 2005, nas proximidades do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá.
A estratégia da defesa do acusado foi apelar para o sentimentalismo (tese do perdão) e, com isso, tentar convencer as sete mulheres, que compuseram o conselho de sentença, a perdoarem o acusado pelo crime cometido contra o sindicalista. Alegaram que o pistoleiro estava arrependido do que fez e por essa razão merecia ser absolvido mediante o perdão da sociedade, ali representada pelas juradas.
Com a Bíblia na mão, a defesa do pistoleiro recorreu a diversos textos que falavam do perdão tentando convencer as juradas que o assassino era um homem mudado, teria abandonado a prática da pistolagem e, por isso, merecia uma chance. Por outro lado, o promotor e o assistente de acusação, esclareceram às juradas que o suposto arrependimento do pistoleiro era apenas uma farsa, pois, após ter sido colocado em liberdade em razão do assassinato do sindicalista, Valdemir voltou à prática da pistolagem. Foi novamente preso pela polícia numa tocaia, em companhia de outro pistoleiro, armados de revólveres e usando capuz. No momento da prisão, apresentou nome falso e ameaçou de morte os policiais. Os argumentos apelativos da defesa não convenceram as juradas que decidiram pela condenação do acusado.
A vítima
Pedro Laurindo da Silva coordenava um grupo de famílias que reivindicavam a desapropriação da fazenda Cabo de Aço, localizada no município de Marabá. Por diversas vezes denunciou que recebia ameaças do proprietário da fazenda. Semanas antes do crime, o pistoleiro Valdemir foi visto por várias testemunhas no interior da fazenda em companhia dos vaqueiros. Em uma das vezes, foi visto na companhia do fazendeiro andando pela propriedade. O Ministério Público chegou a requerer que a Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá investigasse, em inquérito suplementar, a participação do fazendeiro como suposto mandante do crime. No entanto, a polícia não deu continuidade às investigações.
O caso do sindicalista Pedro Laurindo é um exemplo de dezenas de outros crimes praticados contra lideranças sindicais no Estado do Pará, que permanecem totalmente impunes em razão do desinteresse da polícia em investigar todos os responsáveis pelas mortes. A impunidade tem favorecido principalmente os mandantes dos crimes, pois se beneficiam da omissão da polícia no processo de investigação. Sem punição para os que financiam a pistolagem, camponeses e lideranças, infelizmente, continuarão sendo assassinados a mando de fazendeiros e grileiros nessa região da Amazônia.
Marabá, 01 de novembro de 2013.
FETAGRI PARÁ.
Comissão Pastoral da Terra - CPT
Sociedade Paraense de Defesa dos Direito Humanos - SDDH.