COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Em plena Semana Santa, lembramos que há muitos modos de entende-la e celebrá-la.

 

(Por Roberto Malvezzi, Gogó | Imagem: Thomas Bauer/CPT Bahia)

A forma mais tradicional – e fundante – é celebrar a vida, paixão e morte de Jesus. A forma como Ele viveu foi a forma como Ele morreu. Veio dos porões da humanidade, viveu nela e terminou como alguém dos porões. Os crucificados de seu tempo eram aos milhares. Era o modo como os romanos exibiam sua crueldade, como a dizer, “quem não obedecer, assim morrerá”. Essa era a Via Crucis, a execração pública dos condenados, para confirmar o terror diante dos olhos do povo.

Entretanto, o risco dessa forma de celebrar é o individualismo, o subjetivismo, em busca da salvação pessoal, incapaz de enxergar o gesto maior da Redenção.

A Igreja Católica do Brasil introduziu na Semana Santa, na verdade em toda a Quaresma, uma temática da Campanha da Fraternidade. É para lembrar todos os crucificados da história, inclusive os atuais, que participam a seu modo da vida, paixão e morte de Jesus. Esse ano trazemos para nossas reflexões e orações todas as vítimas da violência. É bom lembrar que, se existem os violentados é porque existem os violentos. Com essa onda fascista que toma o Brasil, podemos identificar claramente quem são os defensores da violência como forma de organizar e governar um país e quais são os defensores da justiça e da paz.

Mas, a Redenção de Jesus não é só para os seres humanos. Paulo, em Romanos, diz claramente que toda criação geme em dores de parto, esperando também ela a redenção dos filhos de Deus (Romanos 8, 22-24).

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Portanto, não nos esqueçamos nessa semana santa de nossas florestas, nossos rios, nossa biodiversidade, nossos solos, nosso ar, nosso ambiente, também eles vítimas da violência imposta pelos seres humanos articulados num sistema que gera morte. Na CPT percebemos, há muitos anos, que aqueles que matavam a floresta também mataram Chico Mendes e Ir. Dorothy.

A Páscoa da ressurreição é para toda a Criação. É a plenificação da Aliança. A Redenção não é exclusividade humana. Não é um ato individualista de salvação meramente pessoal. Ou cada um de nós se salva com os outros e com toda a Criação, ou nós acabamos fora do Reino de Deus. E o Cristo, único sacerdote, é ponte que une o Criador a todas às suas criaturas.

Amém!

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