COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

"Não sei em quem votarei em 2018, mas já sei em quem não vou votar". Leia os crivos argumentados em artigo de opinião escrito por Roberto Malvezzi:

 

(Por Roberto Malvezzi, Gogó* / Imagem: Correio da Cidadania).

Não sei em quem votarei em 2018, mas já sei em quem não vou votar.

Não voto em nenhum deputado que votou pelo golpe no paí­s. Eles são mais de 360. Não voto também em nenhum senador que confirmou o golpe. Eles são mais de 60. Eles destruíram o fiapo da democracia que tí­nhamos e implantaram no Brasil uma ditadura civil.

Não votarei em nenhum deputado ou senador que pertença à bancada do boi porque depredam nossas matas e nossas águas; da bala porque estão convictos que violência só se resolve com mais violência; e nem da Bí­blia, porque manipulam a palavra de Deus para seus interesses pessoais, corporativos e mesquinhos numa verdadeira perversão da Bí­blia.

Não votarei em nenhum presidenciável que apoiou o golpe.

Não votarei em nenhum deputado, ou senador, ou governador, ou presidenciável, que votou ou apoiou a reforma trabalhista, a reforma da previdência, da educação e a PEC que congelou gastos em saúde e educação por mais de 20 anos, condenando nosso povo à miséria e ao desamparo na velhice e na doença.

Não votarei em nenhum deputado ou senador que votou pelas mudanças na legislação ambiental, sacrificando as matas, os rios, os povos indí­genas, os quilombolas e todas as nossas gerações futuras.

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Não votarei em nenhum candidato do empresariado brasileiro, particularmente da FIESP, que promoveu a reforma trabalhista e o encolhimento do salário mí­nimo. Esses empresários não querem trabalhadores, querem escravos, sem ao menos assumir a responsabilidade de manter vivos os seus escravos, como era norma no tempo da escravidão.

Não votarei em nenhum entreguista da Petrobrás, do Pré-sal, dos territórios brasileiros, da base de Alcântara, da privatização da Eletrobrás, assim por diante.

Também não votarei em candidatos a qualquer cargo envolvidos comprovadamente com corrupção. Ela leva 200 bilhões de reais dos cofres públicos todos os anos e isso ajuda matar o povo brasileiro.

Vou aguardar para ver se algum presidenciável propõe a revogação de todas essas perversidades políticas, econômicas, sociais e ambientais impostas ao povo brasileiro.

Vou aguardar por algum presidenciável que se comprometa efetivamente com a democracia, não com golpes de qualquer espécie.

Vou tentar achar algum candidato que pense em inclusão social pela educação e trabalho, em respeito aos trabalhadores, às crianças, aos idosos, aos indí­genas, aos quilombolas e ao meio ambiente ao qual pertencemos e do qual dependemos.

Pode ser que haja poucos, pouquí­ssimos com esse perfil, como achar agulha em palheiro, mas eles existem.

Se esses excluí­dos de minha lista vão ganhar ou não, não sei. Só sei que não será com meu voto.

* Atua na Comissão Pastoral da Terra (CPT) e no Conselho Pastoral dos Pescadores na região do São Francisco. Articulista do Portal EcoDebate, e possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais.

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