Na noite desta terça-feira, 10, o embaixador da Bélgica, Patrick Herman, promoveu, em sua residência oficial, em Brasília, uma recepção para celebrar o Dia Nacional do Cerrado, comemorado no dia 11 de setembro. Para marcar a data, a belga Louise Amand, que por anos atuou no Brasil em ações ligadas à agroecologia, lançou o documentário "Pé na Terra", seguido de uma breve mesa de debate.
Fonte: Assessoria de Comunicação da CPT
Imagens: Thomas Bauer - CPT Bahia
Com um bom português, o chefe da Embaixada da Bélgica manifestou, ao recepcionar os convidados e convidadas, em sua maioria seus compatriotas, que "o Cerrado é incrivelmente bonito, pode parecer ser uma savana entre outras, mas é único. Sabemos que ele é o coração hidrográfico do Brasil". Hoje, a programação em homenagem ao Cerrado continua na Embaixada. A Tarde Educativa sobre o Cerrado será voltada para alunos e alunas de escolas do Distrito Federal (DF).
Isolete Wichinieski, integrante da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), representou no evento Dom André De Witte, que é belga, bispo da Diocese de Ruy Barbosa, na Bahia, e presidente da Pastoral da Terra. Também integrante da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, Wichinieski convidou o embaixador para as ações que ocorrem na capital federal neste Dia Nacional do Cerrado, como a entrega, nessa tarde de quarta-feira, no Congresso Nacional, da petição com mais de meio milhão de assinaturas que pede a aprovação da PEC 504/2010, que transforma o Cerrado e a Caatinga em Patrimônio Nacional, e a abertura, nesta noite, no Complexo Cultural Funarte, do IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado.
"O Cerrado é um Patrimônio da Humanidade", disse, ao apresentar a produção cinematográfica, Louise. Ela contou que em 2015 começou a sonhar em mostrar para o mundo o que havia visto no Brasil em sua convivência com pequenos agricultores da Bacia do Pipiripau, em Brasília, assim como no estado de Goiás. Amand demonstrou preocupação ao falar dos dados recentes de queimadas no Cerrado, que registrou mais focos de incêndio no início de setembro do que a Amazônia, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). E a recente liberação em massa de agrotóxicos no Brasil foi outro ponto destacado em sua fala.
"Com essas reflexões, eu me pergunto: e se o Cerrado pudesse falar? Como que nossos recursos naturais falariam sobre como estamos tratando eles? Isso é um patrimônio brasileiro, mas também é um patrimônio da humanidade. Resiliência é uma palavra que destaca o Cerrado. Eu venho de um país pequeno, e meus olhos brilham com essas inúmeras riquezas naturais no Brasil", encerrou Louise Amand.
Isolete Wichinieski convidou o embaixador Patrick para as ações que ocorrem em Brasília neste Dia Nacional do Cerrado, 11 de setembro.
Representante da União Europeia no Brasil, Rui Ludivino explicou que a União Europeia possui "a ambiciosa meta" de zerar a emissão dos gases do efeito estufa até 2050, e também falou sobre o desmatamento: "Não é bem verdade que a Europa desmatou tudo. Temos dados que nossas florestas, nos últimos anos, têm aumentado, e temos muito orgulho disso. Por mais que falem que desmatamos tudo", disse ele, seguido de risos do público. Isso porque recentemente o governo federal brasileiro disse, sem apresentar dados, que países europeus desmataram todas suas florestas. O europeu também destacou que, no Brasil, a União Europeia apoia diversos projetos desenvolvidos por movimentos populares e organizações não governamentais nos mais diversos biomas. "Apenas no Cerrado são 45 projetos, e com muito retorno".
Também participaram do evento o Embaixador da Alemanha, o secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal e ex-ministro, Sarney Filho, o membro da ong belga Wervel e assíduo escritor sobre o Cerrado, Luc Vankrunkelsven, e José Bento da Rocha, da Superintendência de Planejamento e Programas Especiais da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF.