O programa de terras do Banco Mundial no Estado do Piauí, Brasil, é uma licença para a grilagem de terras
 Declaração Internacional endossada por várias organizações e redes nacionais e internacionais sobre o Banco Mundial financiar um programa de titulação ou de “regularização” de terras no estado do Piauí. Confira:
Declaração Internacional endossada por várias organizações e redes nacionais e internacionais sobre o Banco Mundial financiar um programa de titulação ou de “regularização” de terras no estado do Piauí. Confira:
Declaração Internacional
 21 de março de 2018
O Banco Mundial está financiando um programa de titulação de terras ou de “regularização” de terras no estado brasileiro do Piauí, onde grandes áreas de terra foram retiradas (griladas) de comunidades locais e ilegalmente ocupadas pelo agronegócio. As comunidades locais, incluindo comunidades de quilombolas (descendentes de escravos negros) e povos indígenas, estão sendo violentamente deslocadas de suas terras tradicionais e enfrentam contaminação das águas e solos, aumento da violência contra seus líderes comunitários, desmatamento e perda da biodiversidade.
O Banco Mundial está financiando um programa de titulação de terras ou de “regularização” de terras no estado brasileiro do Piauí, onde grandes áreas de terra foram retiradas (griladas) de comunidades locais e ilegalmente ocupadas pelo agronegócio. As comunidades locais, incluindo comunidades de quilombolas (descendentes de escravos negros) e povos indígenas, estão sendo violentamente deslocadas de suas terras tradicionais e enfrentam contaminação das águas e solos, aumento da violência contra seus líderes comunitários, desmatamento e perda da biodiversidade.
A escalada da grilagem de terras no Piauí e da parte nordeste do Cerrado está diretamente relacionada ao influxo de centenas de milhões de dólares de fundos de pensão estrangeiros, subvenções universitárias e de outras empresas financeiras que estão adquirindo terras agrícolas por meio de intermediários brasileiros. Documentos internos mostram que o Banco Mundial está ciente da extensão da grilagem de terras na área. Através de um empréstimo de 120 milhões de dólares, o Banco Mundial, portanto, apoia um programa de titulação de terras que corre o risco de legitimar a grilagem de terras e abrir caminho para uma nova corrida por grilagens “legalizadas”, com catastróficas consequências sociais e ambientais.
À medida que o Banco Mundial realiza sua Conferência Anual sobre Terra e Pobreza em Washington, de 19 a 23 de março de 2018, as organizações sociais brasileiras e seus parceiros e apoiadores internacionais pedem que o Banco suspenda seu apoio ao programa de titulação de terras no Piauí e responda às demandas das comunidades afetadas.O projeto do Banco Mundial não contém salvaguardas concretas para garantir que se protejam efetivamente os direitos de posse das pessoas contra a desapropriação que vem sendo realizada por parte do agronegócio e especuladores locais, assegurando que não se formalize a desapropriação de comunidades no contexto descrito acima.
Como tal, este projeto não cobre as lacunas da legislação estadual do Piauí sobre regularização da terra e não está alinhado com as Diretrizes das Nações Unidas sobre Governança Responsável da Terra, dos Recursos Pesqueiros e Florestais (Diretrizes da Posse).A Procuradoria da República no Piauí interveio em 18 de dezembro de 2017 ao emitir uma recomendação formal ao Banco Mundial para suspender o programa de terras e adotar medidas para remediar as violações já ocorridas em relação aos direitos territoriais dos povos e comunidades tradicionais. O Banco Mundial ainda não respondeu.
Requeremos que o Banco Mundial:
Adira à carta da Procuradoria da República no Piauí e suspenda imediatamente o projeto “Piauí: Pilares de Crescimento e Inclusão Social” e o processo de regularização/titulação de terras no Piauí.
Responda à demanda das comunidades afetadas – a qual é apoiada pela Procuradoria da República no Piauí – para estabelecer uma mesa redonda de diálogo para avaliar os efeitos do programa de regularização de terras financiado pelo Banco Mundial no Piauí, a fim de prevenir e remediar violações e implementar mecanismos que garantam às comunidades locais o controle sobre seus territórios, bem como remédios efetivos, incluindo a restituição de suas terras comunitárias. A mesa redonda deve envolver representantes das comunidades afetadas, a Vara Agrária da Justiça Estadual, o Instituto de Terras do Piauí (INTERPI), o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal, a Assembleia Legislativa do Piauí, a FAO e grupos de apoio da sociedade civil. Esta mesa redonda de diálogo deve ser convocada pela FAO como a principal agência das Nações Unidas para a implementação das Diretrizes sobre Governança Responsável da Terra, dos Recursos Pesqueiros e Florestais.
Divulgue publicamente como o projeto de titulação/regularização de terras no Piauí e quaisquer outros empréstimos, projetos e operações com os quais o Banco Mundial está envolvido, estão em conformidade com as Diretrizes sobre Governança Responsável da Terra, dos Recursos Pesqueiros e Florestais.
Esta declaração é endossada pelas seguintes organizações e redes:
 Ação Acadêmica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais, Moçambique
 ActionAid Brazil
 ActionAid USA
 Amazon Watch
 Articulação Nacional das Pescadoras, Brazil
 Articulação Piauiense dos Povos Impactados pelo MATOPIBA, Brazil
 Associação Brasileira de Reforma Agrária ABRA, Brazil
 Associação dos Advogados dos Trabalhadores Rurais, Brazil
 Associação dos Povos Indígenas do Brasil
 Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, Brazil
 Cáritas Piauí, Brazil
 Centro de agricultura alternativa do Norte de Minas Gerais, Brazil
 Centro Internazionale Crocevia, Italy
 Coletivo das Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto, Brazil
 Comissão de Povos Originários Populações e Comunidades Tradicionais do Fama 2018,
 Brazil
 Comissão Nacional de Fortalecimento de Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas
 Coordenadoria Ecumênica de Serviços CESE, Brazil
 Costeiros e Marinhos, Brazil
 Comissão Pastoral da Terra (CPT), Brazil
 Community Alliance for Global Justice, USA
 Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Brazil
 Conselho Pastoral dos Pescadores, Brazil
 Coordenação Nacional da Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, Brazil
 Development and Peace – Caritas Canada
 Eco Ruralis, Romania
 Environmental Rights Action/Friends of the Earth Nigeria
 Family Farm Defenders, USA
 Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Brazil
 FIAN Belgium
 FIAN Brasil
 FIAN Germany
 FIAN International
 FIAN Sweden
 Focus on the Global South
 Friends of the Earth US
 Global Exchange, USA
 GRAIN
 Grassroots Global Justice Alliance, USA
 Grassroots International, USA
 HEKS/EPER, Switzerland
 Housing and Land Rights Network – Habitat International Coalition
 Inclusive Development International, USA
 Institute for Agriculture and Trade Policy, USA
 Instituto Mais Democracia, Brazil
 Instituto Sociedade Proteção e Natureza, Brazil
 International Indian Treaty Council (IITC)
 Just Foreign Policy, USA
 La Via Campesina
 Maryknoll Office for Global Concerns, USA
 Masifundise, South Africa
 Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Brazil
 Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, Brazil
 Movimento Trabalhadores Camponeses, Brazil
 Movimentos dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, Brazil
 National Family Farm Coalition, USA
 Observatório das Nacionalidades, Brazil
 Presbyterian Ministry at the United Nations, Presbyterian Church, USA
 Rede Pantaneira, Brazil
 Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Brazil
 Sierra Leone Network on the Right to Food
 Solidarity Sweden – Latin America (SAL)
 Terra Nuova, Italy
 Universidade Estadual do Ceará (UECE), Brazil
 US Food Sovereignty Alliance (USFSA)
 WhyHunger, USA
 World Forum of Fisher Peoples (WFFP)
*Crédito imagem: Rosilene Miliotti/FASE