Evento aconteceu na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com a presença de representantes de movimentos sociais, pesquisadores e estudantes, o objetivo do seminário foi discutir a preservação do Cerrado e o aumento das monoculturas de soja na savana africana e no Cerrado brasileiro.
(Por Elvis Marques, da CPT)
Aconteceu nesta última terça-feira (14) o Seminário Internacional do Cerrado: Monocultura, Desenvolvimento ou Colonialidade?, no auditório da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com o objetivo de discutir a preservação do Cerrado e o aumento das monoculturas de soja na savana africana e no Cerrado brasileiro, o evento reuniu representantes de movimentos sociais, pesquisadores e universitários.
Participaram da mesa de debate os pesquisadores belgas da Organização Não-Governamental (ONG) Wervel, Dr. Luc Vankrunkelsven e Dra. Lívia Carpas; o professor e pesquisador da UFG Franck Tavares; a representante da Articulação CPT’s do Cerrado, Isolete Wichinieski; e o ex-prefeito de Goiânia e presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia (AMMA), Pedro Wilson Guimarães (PT-GO).
Na abertura do Seminário, Pedro Wilson discorreu sobre a chegada de instrumentos tecnológicos e insumos agrícolas no Cerrado goiano na década de 1970, e como isso impactou as comunidades desse bioma. De volta aos dias atuais, o petista destacou a necessidade de se pensar uma legislação federal que realmente proteja o Cerrado.
“Precisamos, principalmente, de atuação política no sentido do bem comum. Se nós não agirmos, e logo, a favor da água e da terra, do Cerrado, da fauna e da flora, daqui a pouco nós vamos ver o Cerrado apenas nos museus de animais empalhados ou as terras improdutivas, porque vai chegando o ponto que ela cansa e a água cada vez mais poluída”, pontuou o presidente da AMMA.
A ONG Wervel, entre vários campos de atuação, trabalha, também, na defesa do Cerrado. Inicialmente, o pesquisador Luc Vankrunkelsven apresentou um material gráfico produzido pela organização que comparava a imagem de satélite do Cerrado no Distrito Federal nos anos 50 com uma fotografia atual da mesma área, após décadas de destruição.
Lívia Carpas, odontóloga carioca que reside na Bélgica e contribui voluntariamente para a Wervel, apresentou o documentário “O ritmo da lagarta”, produzido pela instituição, que traz um contraste entre as comunidades do Cerrado e pequenos agricultores belgas, além de abordar a produção de alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos. “Na filmagem, vamos falar sobre o problema um pouco [destruição do Cerrado], mas mais sobre a esperança de como podemos mudar o mundo”, destacou Luc, sobre o vídeo.
A representante da Articulação CPT’s do Cerrado, Isolete Wichinieski, durante debate no seminário, ressaltou o lançamento da 30º edição da publicação Conflitos no Campo Brasil 2014, que ocorreu nesta segunda-feira (13), em Brasília. “Isso daqui [mostrando o livro] é uma amostra dos conflitos que existe no campo brasileiro. Apenas no ano passado foram mais 1.200 conflitos no campo. Então, se a gente olhar que a questão agrária resolve e traz a paz no campo, a reforma agrária e a demarcação e titulação dos territórios, e a garantia dos territórios das comunidades tradicionais é de fundamental importância para a garantia do Cerrado”, destacou.
Ao falar do Cerrado, Isolete destacou o quanto as comunidades tradicionais e seus modos de vida são importantes para a conservação desse bioma. “Dentro dessa área de Cerrado [cerca de 1/3 do território nacional] nós temos uma diversidade enorme, tanto de biodiversidade quanto da própria ocupação desse território. Nós temos comunidades tradicionais quilombolas, pescadores, indígenas, ribeirinhos, vazanteiros, retireiros do Araguaia, geraizeiros, e tantas outras. E essa diversidade está muito relacionada com a forma de viver e produzir na terra, de se relacionar com ela, aos modos de vida que essas comunidades realmente possuem. É essa diversidade cultural que caracteriza nosso Cerrado brasileiro”.
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