COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Publicação da Agência Pública mostra os impactos sociais causados à população amazônica pela falta de planejamento estrutural na construção de hidrelétricas e de mineradoras. Projeto retrata histórias e questões de povos amazônicos como ribeirinhos, pescadores, indígenas e lavradores

 

(Fonte: Rede Brasil Atual/Fotos: Agência Pública)

A Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo lança neste sábado (14) um livro sobre a Amazônia e as populações afetadas pelas obras desenvolvimentistas na região. Amazônia Pública reúne histórias e questões de povos tradicionais ribeirinhos, pescadores, indígenas e lavradores em três polos industriais: o Vale dos Carajás, no Pará, em que predomina a extração e exportação de minério de ferro; o Rio Madeira, em Rondônia, em que se localizam as hidrelétricas Santo Antônio e Jirau; e o Rio Tapajós, no oeste do Pará, em que está prevista a construção das hidrelétricas São Luiz e Jatobá.

“O que a gente vê, principalmente em Carajás, no sudeste do Pará e no oeste do Maranhão é a pobreza chocante das populações locais. As pessoas só sentem desvantagens no polo, elas não conseguem perceber benefícios em termos de desenvolvimento”, explicou a coordenadora do projeto, Marina Amaral, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Para Marina, as obras modificam a estrutura social dos locais em que serão instaladas sem se preocupar com os povos que lá residem. “Há uma invasão de gente durante a construção dos polos que faz dobrar a população local. Isso modifica toda a estrutura da região, acaba com a rede social, que passa a ser insuficiente, como escolas e hospitais." Ela cita ainda o aumento da criminalidade como efeito colateral das grandes obras amazônicas. Tráfico de drogas e exploração sexual de jovens estão entre os principais delitos.

O livro-reportagem, financiado pela Climate and Land Use Alliance (Clua) – aliança de quatro fundações internacionais em torno das questões climáticas –, reforça a necessidade de projetos desenvolvimentistas que calculem os impactos causados às populações locais e estratégias para reduzi-los, além de buscar o crescimento das iniciativas e atividades locais. “Se o trem pode carregar milhões de toneladas de minério de ferro por dia, por que ele não pode ser utilizado para escoar a carga de pequenos produtores?”, questiona Marina.

Amazônia Pública é resultado de um trabalho de campo realizado durante julho a outubro de 2012 e será lançado e distribuído gratuitamente neste sábado (14), às 16 horas, na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo.

 

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