Dentro da programação do VII Congresso da Coordenadoria Latinoamericana de Organizações do Campo (CLOC – Via Campesina), foi realizada ontem (26) a VI Assembleia de Mulheres do Campo. Com uma mística que fez a memória das lutadoras comprometidas com as transformações sociais, como Berta Cáceres, de Honduras, Vilma Espín, de Cuba, Francisca Carrasco, da Costa Rica, Loiva Rubenich, do Brasil, Mamá Tingó, da República Dominicana, Tránsito Amaguaña, do Equador, e tantas outras que forjaram o caminho de resistência, foi aberta a Assembleia com dezenas de mulheres da América Latina.
(CLOC / tradução: Cristiane Passos – CPT / foto: Viviana Rojas - CLOC)
Dar as boas-vindas às mulheres participantes da Assembleia, foi o papel de Iridiani Seibert, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), do Brasil, que também é membro da Articulação de Mulheres em nível continental. Em sua intervenção, Iridiani agradeceu a presença de todas as delegações de cada um dos países participantes, assim como a participação de apoiadoras e da delegação da Federação de Mulheres Revolucionárias de Cuba.
“Para as mulheres da CLOC – Via Campesina é uma honra poder realizar essa Assembleia na Cuba livre e soberana, pilar fundamental da luta, na terra de Vilma Espín, de Aidé Santamaría e de Celia Sánchez, que fizeram a luta no passado, e as mulheres de hoje que dão continuidade a ela”, enfatizou.
Esta VI Assembleia, assim como o VII Congresso, é um espaço de caráter político-ideológico e é tarefa de todas aprofundar os debates, as ações de luta e os desafios que enfrentamos enquanto mulheres. Além disso, a estrutura da Assembleia possui dois espaços, um para discutir o contexto política na América Latina, e outro para continuar a aprofundar nossa proposta de Feminismo Camponês e Popular.
Francisca Rodríguez, da Associação Nacional de Mulheres Rurais e Indígenas (ANAMURI), do Chile, afirmou que “essa não é apenas mais uma assembleia, porque a construção do Feminismo Camponês e Popular tem uma caminhada de mais de 10 anos, em princípio as mulheres afirmaram que ´sem feminismo não há socialismo´, e esse momento histórico que vivemos no continente tem nos feito repensar o nosso slogan para dizer hoje que com o feminismo construímos o socialismo!”.
Nos últimos Congressos, a contribuição e a construção política das mulheres foram fundamentais para o progresso tanto da CLOC quanto da Via Campesina. Hoje as delegadas representam mais de 51% nos Congressos.
Pancha, como carinhosamente é chamada Francisca, também comentou que essa participação ativa das mulheres é algo que a entusiasma. Ela se lembra que no primeiro Congresso da CLOC, apenas 7 companheiras participaram em uma comissão de gênero, quase encurraladas, mas foram elas que levaram a voz das mulheres para o Congresso para tomar decisões importantes, como o reconhecimento de organizações de mulheres que já haviam surgido na América Latina, como a Confederação Nacional de Camponesas e Indígenas da Bolívia "Bartolina Sisa", a Confederação Nacional de Mulheres Camponesas (CONAMUCA) e o Movimento de Mulheres Camponesas, do Brasil.
"Nesse sentido, o desafio é reconstruir a história, falar por nós mesmas e pelas futuras gerações, para contar como essas mulheres, com grande coragem, estavam abrindo caminhos de esperança dentro de um movimento na América Latina, que surgiu das raízes históricas das organizações camponesas. A CLOC tem 25 anos, mas o movimento camponês na América Latina tem uma longa história e as mulheres sempre fizeram parte disso", destacou Pancha.
Para concluir, ela afirmou que a luta é conjunta contra o patriarcado, contra a violência contra as mulheres e contra o imperialismo.
Com feminismo construímos o socialismo!
Desde nossos territórios
Unidade, luta e resistência
pelo socialismo e soberania de nossos povos!