Primeira onda de mobilizações do MST sob o Governo Lula busca pautar a centralidade da luta pela terra para resolver problemas estruturais da sociedade
Da Página do MST
Foto: Juliana Barbosa
Sob o lema “O agronegócio lucra com a fome e a violência. Por Terra e Democracia, mulheres em resistência!”, as Mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mobilizam a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, marcando o dia 8/03, Dia Internacional de Lutas das Mulheres. Além de ocupações de terras e marchas, diversos acampamentos pedagógicos tomam o país de Norte a Sul, com ações em pelo menos 23 estados.
“Precisamos denunciar a situação de fome que aumentou no meio do povo brasileiro, e que não é uma questão de falta de produção, mas sim, se produzimos mercadoria ou alimento. Temos demarcado a importância de o Governo assumir a Reforma Agrária como uma pauta estruturante das relações de produção no campo, porque, ao assumi-la, nós enfrentamos também a violência contra os povos indígenas, mas, sobretudo, a gente reorganiza a estrutura do campo para produção de alimentos pra trazer pra cidade”, alerta Lucinéia Freitas, da Direção Nacional do MST.
Isso demanda uma política econômica que dê conta de enfrentar o agro-hidro-mineral negócio”, aponta.
Foto: Juliana Barbosa
Segundo as manifestantes, o agronegócio estabeleceu laços bem atados com o neofascismo, crescente na sociedade brasileira. Foi, inclusive, um dos principais articuladores e financiadores das tentativas de golpe que o país viveu desde que o Presidente Lula foi eleito. Como resposta e melhor forma de defender a democracia, as Mulheres Sem Terra propõem uma organização popular ativa.
“Precisamos manter e ampliar a organização popular, porque este é um Governo em que os direitos terão que ser defendidos e conquistados cotidianamente, tanto no diálogo como na luta. Cobramos a revogação da EC 95, do Novo Ensino Médio, da Reforma Trabalhista e tantas outras pautas, que só serão possíveis de serem implementadas com muita luta e organização de base”, explica Lucinéia.
Nesse bojo, as Mulheres Sem Terra também denunciam as diversas formas de violências patriarcal e racial, que têm atingido as pessoas em condições de vulnerabilidade e feito vítimas, como os casos de feminicídio, assassinatos LGBTIfóbicos e suicídios que vivenciados nos últimos anos. Nesse caminho, também anunciam a disposição para construir relações humanas emancipadas, livres de todas as formas de violência.
Desde o início da Jornada, nos primeiros dias de março, ocupações denunciam as práticas nocivas ao meio ambiente do modelo de cultivo do agronegócio, a exemplo dos “desertos verdes” de eucalipto mantidos pela papeleira Suzano, no Sul da Bahia. Assim também, as mulheres denunciam uma agricultura sem agricultores, que não gera emprego e que concentra a riqueza produzida, socializando miséria por onde passa.
Uma série de acampamentos pedagógicos, marchas e audiências públicas também são motores de mobilização por todo território nacional, a exemplo de Minas Gerais, do Pará, Paraná, Alagoas e outros estados.
Na terça-feira (07) uma mesa de negociação foi instalada com o Governo Federal, quando mulheres da Coordenação Nacional do MST se reuniram com Fernanda Machiavelli, Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Em pauta, a necessidade de assentamento das famílias acampadas, a urgência na retomada de políticas de desenvolvimento dos assentamentos, a garantia de créditos para incentivar a produção de alimentos saudáveis e a reestruturação do INCRA.