De 2 a 11 de dezembro, demarcando as telas do Cine Brasília, fortalecendo a luta dos mais de 305 povos indígenas do Brasil e com o tema “Como cuidar da sua aldeia?”, o 1° Festival de Cinema e Cultura Indígena começa na próxima sexta-feira.
O Festival de Cinema e Cultura Indígena [FeCCI] realizará sua primeira edição na capital do Brasil. Dos dias 2 a 11 de dezembro, uma das principais salas de cinema do país, o Cine Brasília, conhecido como a casa do cinema brasileiro, vai receber 45 produções cinematográficas com temáticas indígenas e protagonizadas por realizadores originários. Com exibições inéditas e consagradas obras, mais de 25 cineastas indígenas vão desembarcar em Brasília, além da participação de coletivos de cinema indígena, jurados e convidados importantes do cinema brasileiro.
O tema do festival este ano é: “Como você cuida da sua aldeia?”. Com os pés cravados na terra, reflete-se sobre o cuidado e a regeneração do meio ambiente como elementos éticos da relação com o espaço em que vivemos. Articulando com as tensões da época, o FeCCI vê a narração de novas histórias como um caminho possível para outras formas de ser e estar no mundo, de viver em coletivo e de criar novas possibilidades de relação entre os seres.
Além de toda a programação de filmes, o festival contará com masterclasses, uma experiência imersiva em VR do filme “Amazônia Viva” de Estevão Ciavatta, com a cacica Raquel Tupinambá, e rodas de conversas com diretores, cineastas e parceiros que estão aliados com a produção indígena, como Fernando Meirelles, Luiz Bolognesi, Aurélio Michiles e Vincent Carelli, além da ativista Txai Suruí, produtora-executiva do filme “O Território”, também presente no festival. Haverá ainda a exposição da obra “Meu Ser”, de Aislan Pankararu, artista criador da identidade visual do FeCCI e que criou a obra especialmente para o Festival.
No primeiro fim de semana do FeCCI 2022, haverá duas masterclasses. Uma sobre “Pós-produção” no sábado, 03 de dezembro, às 10h com Lula Barrague da 02 Filmes e outra sobre “Distribuição de Impacto” com Estevão Ciavatta da Pindorama Filmes no domingo, 04 de dezembro, também às 10h.
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Mostra Competitiva
Nesta edição, dez filmes disputam a Mostra Competitiva, tendo como características, a presença de novos realizadores do audiovisual. Dentre eles, destacam-se as produções:
- “A Tradicional Família Brasileira - KATU”, de Rodrigo Sena, que mostra os Guardiões da Mata Atlântica e suas resistências com atuais problemas nos desafios contemporâneos como meio ambiente e agronegócio, evangelização nas aldeias, abuso de drogas, educação indígena e ensino superior.
Vencedor de prêmios como: Prêmio Especial do Júri na Mostra Oficial de Curtas e Prêmio Cosme Alves Netto (Anistia Internacional do Brasil) do 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Melhor Documentário com Consciência Social no Revolution Me Film Festival (EUA) e Melhor Documentário Curta-metragem no Festival de Cinema Pillusion Barn (Áustria).
- “Levante Pela Terra”, de Marcelo Cuhexê Krahô, gravado durante o acampamento indígena Levante pela Terra, de 2021, onde lideranças indígenas de todas as regiões do Brasil se reuniram na capital federal para lutar contra o PL490.
Vencedor do prêmio de Melhor Curta-metragem pelo Júri Oficial do 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Os dez filmes selecionados pela curadoria concorrerão à Premiação Oficial do FeCCI 2022 nas categorias: Melhor Filme pelo Júri Especializado e Melhor Filme pelo Júri Popular, com prêmios de R$ 5 mil e R$ 3 mil, respectivamente. E, ainda, concorrerão ao Prêmio Instituto Alok nas categorias: Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Fotografia, com prêmios de R$ 5 mil cada.
Mostra Paralela
A Mostra Paralela contará com 20 filmes. Três deles foram selecionados para participar do FeCCI Lab, o laboratório de finalização de projetos audiovisuais do festival, que ocorreu entre agosto e outubro, são eles:
- “Afluências”, de Iasmin Soares, que trata sobre afetividade e sexualidade de mulheres indígenas em retomada, retratando três histórias.
- “Orê Payayá”, de Edilene Payayá, Sarah Goes da Silva e Alejandro Zywica, que conta a história do povo Payayá, desde suas origens ancestrais até o seu presente de lutas e desafios, passando pelos tempos da diáspora.
- “Terra sem Pecado”, de Marcelo Cuhexê Krahô, que aborda a diversidade de gênero entre os indígenas do Brasil, a partir de depoimentos e vivências de três indígenas transexuais\travestis de povos diferentes.
Mostra Convidados
Na Mostra Convidados, haverá a exibição de 15 filmes de cineastas indígenas e não indígenas que estão aliados com as pautas dos povos originários. Destacam-se os filmes:
- “O Território”, de Alex Pritz, com produção executiva de Txai Suruí, que fornece um olhar imersivo sobre a luta incansável do povo indígena Uru-eu-wau-wau contra o desmatamento trazido por posseiros, grileiros, garimpeiros e outros invasores de terras na Amazônia brasileira.
Vencedor de mais de dez prêmios internacionais, como: Prêmio Especial do Júri de Obra Documental e Prêmio do Público de Documentário do Cinema Mundial no Festival Sundance, Prêmio do Público no Festival de Cinema Ambiental da Filadélfia (EUA) e Prêmio Tim Hetherington e Menção do Júri no Sheffield DocFest (Reino Unido).
- “As Hiper Mulheres”, de Takumã Kuikuro, Leonardo Sette, Carlos Fausto, que conta a história de uma anciã doente à iminência da morte e seu esposo que pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar uma última vez.
Vencedor do Prêmio de Melhor Longa-metragem Documentário no Festcine Goiânia 2011 e no Hollywood Brazilian Film Festival 2012, Prêmio Al Jazeera de Melhor Documentário no Vancouver Latin American Film Festival 2012 e Candango de Melhor Som no 44° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Katu, a protagonista do filme e outras hiper mulheres que aparecem na obra estarão presentes no FeCCI.
Ainda, nesta mostra haverá o lançamento no Brasil do curta-metragem “A Febre da Mata”, também de Takumã Kuikuro, o idealizador do FeCCI. O curta aborda o impacto dos incêndios na Amazônia e Xingu.
Filmes selecionados
Mostra Competitiva
- A Tradicional Família Brasileira - KATU (direção: Rodrigo Sena)
- Ãjãí: o jogo de cabeça dos Myky e Manoki (direção: Typju Myky e André Tupxi Lopes)
- Amary Otomo Ogopitsa: o Resgate da Memória Amary (direção: Kamukaiaka Lappa Yawalapiti)
- Ga vī: a voz do barro (direção: Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber Kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita e Vini Albernaz)
- Levante Pela Terra (direção: Marcelo Cuhexê Krahô)
- Nossos Espíritos Seguem Chegando - Nhe’ẽ kuery jogueru teri (direção: Ariel Ortega (Kuaray Poty))
- Paola (direção: Ziel Karapotó)
- Somos Raízes (direção: Edivan Guajajara)
- Um Só Ser - O Grande Encontro (direção: Arthur Ribeiro - Tsãka to.o)
- Xixiá - mestre dos cânticos Fulni-ô (direção: Hugo Fulni-ô)
Mostra Paralela
- A Força das Mulheres Pataxó da Aldeia Mãe (direção: Caamini Braz e Vanuzia Bonfim)
- Adeus, Capitão (direção: Vincent Carelli)
- Afluências (direção: Iasmin Soares)
- Ãgawaraitá: Nancy (direção: Priscila Tapajowara)
- Auto demarcação já (direção: Coletivo Audiovisual Dajhe Kapap Eypi)
- Elas - As Mulheres Krikati (direção: Carlos Magalhães)
- Experiência Indígena Pngati Guarani Kaiowá (direção: Michele Kaiowá)
- Guardiões de um Tesouro Linguístico (direção: Hugo Fulni-ô)
- Kamukuwaká: Território Sagrado (direção: Piratá Waurá)
- Mba'eixa Nhande Rekova'erã - Mensageiros do Futuro (direção: Graciela Guarani)
- Música é Arma de Luta (direção: Idjahure Kadiwel, Lucas Canavarro, Nana Orlandi e Carou Trebitsch)
- NIWE BAI ~ caminhos do vento (direção: Lucas Canavarro e Nana Orlandi)
- Ẽg ῖn: nossa casa (direção: Cineclube Ahoramágica; Centro de Memória e Cultura Kaingang; Associação dos Moradores da TI Apucaraninha; A cor da terra produções; Programa Vẽhn Kar (programa cogerido entre a comunidade indígena e a COPEL); Programa Pontos de Memória (IBRAM / MinC))
- O verbo se fez carne (direção: Ziel Karapotó)
- Os espíritos só entendem o nosso idioma (direção: Cileuza Jemjusi, Robert Tamuxi e Valdeilson Jolasi)
- Orê Payayá (direção: Movimento Associação Indígena Payayá Coletivo Mirante Escola Livre Audiovisual)
- Por onde anda Makunaíma (direção: Rodrigo Séllos)
- Rituais povo indígena Enawenê-nawê (direção: Iholalare Wayali Enawenê-nawê )
- SŪKŪJULA TEI (Histórias de minha mãe) (direção: David Hernández Palmar)
- Terra sem Pecado (direção: Marcelo Cuhexê Krahô)
Mostra Convidados
- A Serra do Roncador ao Poente (direção: Armando Lacerda)
- A Última Floresta (direção: Luiz Bolognesi)
- A Mãe de Todas as Lutas (direção: Susanna Lira)
- Amazônia, a Nova Minamata? (direção: Jorge Bodansky)
- Amazônia SA (direção: Estevão Ciavatta)
- As palavras encantadas dos Hupd'as (direção: Mina Rad)
- A Febre da Mata (direção: Takumã Kuikuro)
- As Hipermulheres (direção: Takuma Kuikuro, Leonardo Sette, Fausto Carlos)
- Jaguaretê-Avá: Pantanal em Chamas (direção: Lawrence Wahba)
- Katu - Somos Ka'apor (direção: Alessandro Campos)
- Mensageiras da Amazônia (direção: Aldira Akai Munduruku, Beka Saw Munduruku e Rilcelia Akay Munduruku)
- O Território (direção: Alex Pritz )
- Pisar Suavemente na Terra (direção: Marcos Colon)
- Segredos do Putumayo (direção: Aurélio Michiles)
- Tuã Ingugu (Olhos d'Água) (direção: Daniela Thomas)
1ª Fase - Atividades anteriores
As atividades do festival já começaram no segundo semestre de 2022. Em agosto, foi realizado o FeCCI Lab, um laboratório de projetos audiovisuais. Nele, foram selecionados três curta-metragens: ‘Afluências’, dirigido por Iasmin Soares, ‘Terra Sem Pecado - Transversal’, dirigido por Marcelo Cuhexê Krahô e ‘Orê Payayá’, dirigido por Edilene Payayá, Sarah Goes da Silva e Alejandro Zywica. Em outubro, os realizadores participaram de quatro dias de mentoria em Brasília, com representantes da Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), para finalizar seus curtas, os quais serão exibidos durante o festival.
Além disso, em 17 e 18 de setembro, o FeCCI realizou a Mostra Xingu – a primeira mostra de filmes do Alto Xingu, na aldeia Ipatse dos Kuikuro. A Mostra contou com um público de 400 pessoas, dos povos Kuikuro, Kalapalo e Wauja. Além da exibição de filmes, foi construída uma Casa de Cinema permanente e celebrou-se diversas festas e rituais tradicionais xinguanos, como a Festa Duhe (Tawarawana – Festa dos Peixes), a Festa Hugagü (Festa do Pequi), a Festa Yamurikumã (Festa das Mulheres) e o Ritual Takuaga (Ritual da Takuara).
Parceiros
A primeira edição do Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI) é realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC-DF). O FeCCI é realizado pela produtora brasiliense A Terrestre. O evento também conta com o apoio de Mídia Índia, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), Instituto Socioambiental (ISA), Caixa de Assistência dos Advogados do Distrito Federal (CAADF), Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB/DF), GIZ, Instituto Alok, O2 Filmes, Bidou Pictures Brasil, Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), Instituto Família do Alto Xingu (Ifax), Gullane Entretenimento, Pindorama Filmes, Autres Brésil, Paradiso Multiplica, Prefeitura de Querência (MT) e Secretaria de Cultura do Mato Grosso.
Serviço
O quê: 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI)
Quando: De 02 a 11 de dezembro
Onde: Cine Brasília - localizado na EQS 106/107 (Asa Sul)
Contatos
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Telefone e Whatsapp: (61) 98210-1165 - Hony Sobrinho
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