COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Fato histórico: é a primeira vez que a OEA faz uma declaração sobre a situação das comunidades e dos povos da Amazônia. O documento, publicando conjuntamente com a REPAM, destaca a importante presença dos povos amazônicos no cuidado da Amazônia e aborda a urgência humanitária e ambiental que este bioma está vivendo para toda a humanidade.

Por Comunicação REPAM

O Secretariado Geral da Organização dos Estados Americanos (GS/OEA) e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) assinaram na manhã desta segunda-feira, 8 de agosto, uma declaração conjunta apelando à proteção urgente da Amazônia e dos seus povos indígenas, quilombolas (afrodescendentes) e ribeirinhos.

A cerimônia de assinatura realizada em Washington contou com a presença do Sr. Luis Almagro, Secretário-Geral da OEA, e do Sr. Juan Antonio Cruz Serrano, Observador Permanente da Santa Sé junto da OEA, em representação do Cardeal Pedro Barreto, Presidente da REPAM.

Cabe destacar que esta é a primeira vez que a OEA faz uma declaração sobre a situação das comunidades e dos povos na Amazônia.

Conteúdo da Declaração

A Declaração destaca a “Declaração Americana sobre os Direitos dos Povos Indígenas”, da própria OEA. A partir daí, salienta a importância dos povos indígenas para a proteção da Amazônia, os seus direitos e os riscos que enfrentam diante das ameaças que vêm sofrendo de agressão, ferimentos, assassinatos, doenças, fome e expulsão dos seus territórios.

Em seguida, no âmbito de aplicação desta Declaração Conjunta, salientam a necessidade de abordar e enfrentar “a urgência humanitária e ambiental que a Amazónia vive atualmente”, o que ameaça a sobrevivência, o equilíbrio ecológico e a perda da cosmovisão dos povos amazônicos.

Finalmente, a OEA e a REPAM listam algumas “recomendações urgentes e prioritárias para os Estados da região, com base no conteúdo do 2º Relatório Regional da REPAM sobre a Violação dos Direitos na Região Pan-Amazônica”:

Relativamente ao direito de viver livres de discriminação e ameaças, convidam os Estados a ratificarem e implementarem o Acordo de Escazú, bem como a elaborarem e implementarem protocolos para a proteção dos defensores dos direitos humanos.

Quanto ao direito à terra e à utilização dos seus recursos, apelam a “garantir a segurança jurídica dos territórios indígenas”, a “dar prioridade ao investimento na gestão territorial e ambiental”, a “reforçar as instituições responsáveis pelo controle, supervisão e fiscalização das ações que ameaçam o ambiente” e a “gerar condições e espaços seguros para o desenvolvimento da participação dos cidadãos em questões ambientais, do uso da terra e do ordenamento e planejamento do seu território”.

No que respeita ao reconhecimento do direito humano à água, apelam ao desenvolvimento de políticas públicas “para o reconhecimento e proteção do direito à água, visto a partir de uma abordagem intercultural” e “para universalizar o acesso à água potável, ao saneamento e à gestão dos ecossistemas de água doce”.

Sobre o direito à saúde, apelam ao “reforço da capacidade de resposta do setor da saúde com uma abordagem baseada nos direitos e respostas abrangentes à emergência”, convidando a “desenvolver um plano estratégico de respostas, coordenado e ampliado em resposta frente à crise sanitária da Covid-19”.

Apresentação de casos de violação na Escola de Direitos Humanos – Foto: Tadeu Rocha

OEA e REPAM

A Organização dos Estados Americanos (OEA) é o organismo regional mais antigo do mundo, que remonta à Primeira Conferência Internacional dos Estados Americanos, realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890. Foi criada em 1948, quando a Carta da OEA foi assinada em Bogotá, Colômbia, passando a vigorar em dezembro de 1951. O seu objetivo é alcançar nos seus Estados membros, que hoje compreendem 35 Estados das Américas, “uma ordem de paz e justiça, para promover sua solidariedade, reforçar sua cooperação e defender sua soberania, integridade territorial e independência” (Carta da OEA, art.1). Os seus principais pilares são a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento.

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) é um organismo eclesial nascido em 2014 como resultado do caminho percorrido pela Igreja Católica na Amazônia. Como rede, cultiva, cuida e reforça processos horizontais com os povos e organizações eclesiais e sociais da Amazônia e de outros territórios, acompanhando-os perante a violação dos direitos humanos, coletivos e naturais e sua denúncia e defesa política; e promove encontros comprometidos e sensíveis que também são capazes de mover outras esferas de consciência.

Relatório dos Direitos Humanos

No final de abril e maio de 2022, a Presidência e os representantes do Núcleo de Direitos Humanos da REPAM realizaram um giro internacional apresentando o “2º Relatório Regional sobre as Violações dos Direitos Humanos na Região Pan-Amazônica”. Tecendo redes de resistência e luta no Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela” perante as Nações Unidas em Nova Iorque, a OEA e a CIDH em Washington. No âmbito destas visitas, no dia 2 de maio foi realizada uma reunião com o Secretário-Geral da OEA, Sr. Luis Almagro, onde foi acordado publicar uma declaração conjunta sobre a situação dramática da Amazônia e dos seus povos.

foto da REPAM-OEA em maio de 2022

O 2º Relatório sobre as violações dos Direitos Humanos no Panamá, publicado em março de 2022 pela REPAM, é o resultado dos casos apresentados no âmbito da 2ª Escola para a promoção, defesa e aplicabilidade dos Direitos Humanos, realizada em 2018 em Jaén, no Peru. A Escola de Direitos Humanos da REPAM é uma iniciativa que reúne líderes de povos indígenas e comunidades tradicionais da região Pan-Amazônica, com o objetivo de fornecer ferramentas educativas para ajudar a formalizar queixas sobre violações dos direitos humanos que ocorrem no território amazônico.

Leia aqui a Declaração Conjunta 2022 sobre a Proteção da Amazônia e dos seus Povos Indígenas, Quilombolas (afrodescendentes) e Ribeirinhos.

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline