COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

A partir desta segunda-feira, dia 11, a Comissão Pastoral da Terra, em conjunto com camponeses e camponesas de diversas regiões do estado de Pernambuco realizarão a Jornada em defesa da Reforma Agrária e contra o agronegócio, os agrotóxicos e os grandes projetos. A jornada percorrerá comunidades e municípios da zona da mata norte, zona da mata sul, agreste e sertão do estado.

O objetivo da ação é dialogar com os trabalhadores e trabalhadoras rurais e as comunidades sobre os males causados pelos diversos monocultivos, a exemplo da cana-de-açúcar, na zona da mata do estado, que provoca a devastação ambiental e o trabalho escravo, e a utilização desenfreada dos agrotóxicos. Além disso, também serão debatidos os impactos dos grandes projetos na vida de centenas de comunidades camponeses por todo o estado.

A Jornada será um espaço para que os trabalhadores e trabalhadoras compartilhem experiências comuns, construam possibilidades de transformação da realidade em que se encontram, debatendo sobre a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento para o estado, através da luta em defesa da Reforma Agrária para produção de alimentos saudáveis e contra os monocultivos e os grandes projetos. Como parte da programação da Jornada, serão realizados debates em escolas, paróquias e nas comunidades, além de exibições de video sobre a Campanha da Fraternidade 2011: “Fraternidade e a vida no planeta: A criação geme em dores de parto” e a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, realizada pela Via Campesina e por mais dezenas de organizações sociais.

Como parte da programação da Jornada, será realizado, entre os dias 17 e 19, o Encontro dos Atingidos e atingidas pelos grandes projetos, no município de Afogados da Ingazeira, sertão de PE. O objetivo do encontro será discutir a realidade do campo em Pernambuco a partir dos impactos das Grandes Obras/Grandes Projetos, como a Transposição do rio São Francisco, Transnordestina, Barragens, SUAPE, agrocombustíveis, Fruticultura irrigada e Mineração nas comunidades camponesas. As ações da jornada ainda continuarão durante as próximas semanas.

Campanha permanente contra os agrotóxicos e o agronegócio - A realização da Jornada surge em um contexto de mobilização nacional contra o agronegócio e os agrotóxicos no país e pela produção de alimentos saudáveis, em defesa da Reforma Agrária e da Soberania Alimentar. As entidades que compõem a Via Campesina, além de diversas organizações sociais de todo o Brasil realizam a Campanha Nacional Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. A campanha pretende estimular o debate sobre os danos causados à saúde e ao meio ambiente, a partir da utilização desenfreada dos agrotóxicos. Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Para as organizações da Via Campesina, as altas taxas de consumo estão relacionadas ao modelo de produção imposto no país, o agro-hidronegócio. De acordo com o último Censo agropecuário, realizado em 2006, cerca de 80% dos grandes proprietários rurais usam veneno em suas plantações. Só em 2009, foram mais de 1 bilhão de litros de veneno utilizados nas lavouras do Brasil. É como se cada brasileiro e brasileira consumisse, em média, 5 litros de veneno por ano. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente, aproximadamente três milhões de pessoas são intoxicadas em decorrência da utilização de agrotóxicos. Dessas, 220 mil morrem e 750 mil adquirem doenças crônicas.

Trabalhador e trabalhadora rural são os mais atingidos por contaminação de agrotóxicos - O perigo é ainda maior para os trabalhadores e trabalhadoras rurais que estão em contato direto com os venenos, nas plantações de cana, entre outros monocultivos, Usinas e Empresas. De acordo com Marluce Melo, da Comissão Pastoral da Terra, é grande a frequência de casos de contaminação por agrotóxicos em trabalhadores e trabalhadoras rurais nos diversos monocultivos. Muitas vezes, por conta da contaminação, ficam inválidos. Para Marluce, “esses trabalhadores e trabalhadoras são os primeiros atingidos por esse modelo perverso de agricultura, que concentra terra e usa de forma desenfreada os agrotóxicos. Muitos são proibidos em outros países e até os que são proibidos no próprio no Brasil são usados livremente por aqui, ressalta Marluce. Esses trabalhadores e trabalhadoras são atingidos tanto no momento da aplicação manual, já que nenhuma proteção lhes é garantida, quanto na aplicação através da pulverização aérea. O Brasil tem que acabar com os agrotóxicos e preservar o meio ambiente e a saúde da população.”

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