Documento reúne 33 entrevistas de pessoas ligadas a diferentes causas, que narram os desafios enfrentados e apresentam suas estratégias de resistência.
(Abong)
As condições políticas de atuação de militantes que defendem os direitos humanos no Brasil sempre foram desafiadoras e, nos últimos dois anos, essa situação foi agravada pela pandemia do coronavírus. Como forma de denunciar essas violações, o projeto Sementes de Proteção - uma iniciativa das Organizações da Sociedade Civil - Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e We World GVC Onlus - elaborou o relatório Sementes de Proteção 2021 sobre a situação das/os defensoras/es de direitos humanos no Brasil: testemunhos da experiência com a Covid-19, que reúne 33 entrevistas com militantes das mais diversas organizações.
A publicação relata as dificuldades e violações enfrentadas, assim como as esperanças e sugestões de estratégias para fortalecimento da luta pelos direitos humanos e ambientais no país. "As diversas vozes que aqui se reúnem reiteram que lutar por direitos humanos é sempre exigir justiça, responsabilização, reparação; mas é também fazer a promoção corajosa e permanente de todos os direitos para todas as pessoas e, necessariamente, proteger os direitos daquelas que estão com a vida mais precarizada", diz Lucyvanda Moura, consultora do projeto.
O documento também propõe homenagear aqueles que estiveram na linha de frente e perderam a vida para a Covid-19, e a todos e todas que seguem firmes. "A proteção desses lutadores e lutadoras e o fortalecimento de sua atuação são imprescindíveis para o avanço da luta e da causa dos direitos humanos no nosso país", enfatiza a consultora.
Para Paulo César Carbonari, doutor em filosofia, membro da coordenação nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e coordenador geral do Projeto Sementes de Proteção, a pandemia marcou profundamente a vida e a atuação desses e dessas militantes, um acontecimento aberto aos mais diversos significados.
Ainda de acordo com o coordenador, registrar as experiências desses lutadores é dar voz para aqueles que seguem sendo vítimas das violações de direitos humanos e que seguem sendo impedidos de lutar por seus direitos. "A memória é uma das práticas mais importantes para a construção de vínculos, para o cultivo de afetos e, especialmente, para subsidiar a formulação das verdades que ganham sentido social e cultural. Nenhuma sociedade vive sem que se faça permanentemente a memória de suas vivências a fim de que sejam transformadas em experiências significativas", declara Carbonari.
O material está estruturado em ordem alfabética e as informações foram coletadas em entrevistas individuais, realizadas por meio de plataforma virtual, gravadas e sistematizadas no período de dezembro de 2021 a janeiro de 2022. Entre os entrevistados estão ativistas do Greenpeace, Movimento dos/as Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST), União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, Povo Tupinambá Serra do Padeiro (BA), Organização de Direitos Humanos Projeto Legal, SOS Corpo, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras, Artigo 19, Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia, Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade (PA), entre outros militantes das mais diversas organizações de direitos humanos atuantes no Brasil.
Para acessar o documento na íntegra, acesse aqui.
Sobre o Projeto Sementes de Proteção: O Projeto Sementes de Proteção de Defensores/as de Direitos Humanos é uma iniciativa conjunta para atuação com militantes que lutam pelos direitos humanos. Tem por objetivo geral "contribuir com o apoio destes que defendem os direitos humanos e organizações da sociedade civil que atuam em questões associadas a violações dos direitos humanos e ataques contra liberdades fundamentais no Brasil". O objetivo específico é "fortalecer as capacidades de defesa, promoção e proteção dos direitos desses lutadores/as, de movimentos sociais e organizações da sociedade civil em 21 estados das cinco regiões brasileiras".