COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

O evento ocorreu entre os dias 24 e 26 de fevereiro e teve como objetivo partilhar experiências sobre a realidade das comunidades, especialmente em relação às situações de conflitos

POR JESICA CARVALHO, DO CIMI REGIONAL MARANHÃO

Entre os dias 24 e 26 de fevereiro, a Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão realizou, em São Luís (MA), encontro com seus articuladores e suas articuladoras. O momento teve como objetivo partilhar experiências sobre a realidade das comunidades, especialmente em relação às situações de conflitos, refletir sobre a organicidade da articulação e projeções para seguir adiante, tecendo a caminhada, fazendo a memória coletiva dos “encontrões”, das ações, dos princípios e das conquistas da Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão durante os mais de 10 anos da presença nos territórios. Na oportunidade, o encontro aconteceu com a testagem para a Covid-19 de todos os participantes, obedecendo o protocolo.

De acordo com Hemerson Pereira, missionário do Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Maranhão, as discussões giraram em torno da organicidade da Teia, que é o espaço de construção dos povos e comunidades tradicionais.

O encontro contou com a participação de articuladores e articuladoras indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco, pescadores artesanais, sertanejos, camponeses, missionários do Cimi Regional Maranhão, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (Miqcb), Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom), Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Questões Agrárias (NERA), da Universidade Federal Maranhão (UFMA).

Hohot Krepym, do Território Krikati, define que a Teia fortalece as ações dos povos e comunidades tradicionais em torno do Bem-Viver. “Através desses encontros e a aliança com os outros povos quilombolas, quebradeiras de coco, camponeses, estamos reivindicando nossos direitos, andando na mesma passada em busca dos nossos territórios”.

“Estamos reivindicando nossos direitos, andando na mesma passada em busca dos nossos territórios”

A Teia, que surgiu em 2011, se organiza a partir da união dos povos e comunidades tradicionais no Maranhão que tem como pauta comum o Bem-Viver. As principais bases/esteios da Teia é a luta pela soberania alimentar, defesa e proteção dos territórios, educação, relação de gênero, saúde, produção, economia, bom governo, comunicação, que se sustentam nos princípios da ancestralidade, memória comum, cuidado, autonomia, história, espiritualidade, visando a preservação das mais diversas práticas culturais, que se manifestam de maneira ancestral e a defesa da vida em todas as suas dimensões.

Robson Tremembé, do Território Engenho, de São José de Ribamar, reforça a importância da articulação na Teia para organização política no seu território. “Com isso nós só temos a crescer e a vencer”, destaca.

“Com isso nós só temos a crescer e a vencer”

Durante o encontro, foi realizada uma rifa em solidariedade aos povos da Teia da Bahia que sofreram com as fortes chuvas no começo do ano. Ao todo, foram 23 prêmios, todos doados pelos povos e comunidades que compõem a Teia do Maranhão, fortalecendo as relações entre as duas articulações.

Para Meire Diniz, missionária do Cimi Regional Maranhão, esse foi um encontro histórico, no qual tecedoras e tecedores puderam refletir, celebrar a memória de dez anos de caminhada e apontar os rumos para seguir tecendo o Bem-Viver e continuar lutando pelo Território Livre.

Ao final do encontro, articuladoras e articuladores firmaram a realização do Encontrão para o segundo semestre de 2022, que se juntará ao tecimento do Encontro Nacional das Teias, previsto para o mês de maio, no Assentamento Terra Vista, na Bahia.

 

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