COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

 

Atividades contam com atrações culturais, debates e ato político de lançamento do Conselho Popular Nacional LGBTI+. A programação, com início no dia 23 de junho, vai contar com webinários temáticos e com projeções em prédios, além da Marcha Virtual

Por Fernanda Alcântara/MST
Foto: Reprodução MST

Diante dos desafios impostos pela pandemia causada pela COVID-19, as comemorações do orgulho LGBTQI+ foram alteradas de seu formato tradicional, sem perder a identidade da atividades. Na próxima semana, a programação será transmitida pela internet e reunirá debates políticos, atrações culturais e projeções pelo país.

A data faz referência à revolta de Stonewall, ocorrida em Nova York em 1969, quando um grupo de LGBTI+ resolveu enfrentar a frequente violência policial sofrida por esta população, como lembra Alessandro Mariano, da direção nacional do MST. “Historicamente, a luta LGBTI se construiu sob a dor, a violência e as cicatrizes que muitos carregam de rejeição da família e sociedade. Se fez com o orgulho de ser quem somos. Saímos do armário e não vamos voltar mais, por isso orgulho e resistência LGBTI contra o racismo, fascismo e a favor do impeachment do Bolsonaro já, pela vida do povo Brasileiro”, ressalta Alessandro Mariano.

Ele ainda destaca que este também é o momento de luta contra “todas as formas de exploração e opressão dos nossos corpos, que são explorados pelo capital, por isso a importância desta semana, de rememorar mais e projetar as lutas conjuntas nesta conjuntura”.

Symmy Larrat, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), defende que este é “só o início de tudo que nós queremos propor para o próximo período histórico”. O ato virtual conta com agenda de atividades dos estados e o lançamento do Conselho Nacional Popular LGBTI.

“Nós estamos avaliando que as organizações LGBTI+ tem que estar unificadas nas lutas, junto com as organizações que estão se colocando no processo de enfrentamento ao desmonte de direitos e ao resgate da democracia”, afirmou Larrat.

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Em janeiro deste ano, a Parada do Orgulho LGBTQI+ de São Paulo já havia definido o tema “Democracia” para 2020. Segundo a associação organizadora do evento, a escolha foi realizada com base no cenário político e social e no desmonte nas áreas da saúde, educação e cultura, que atinge a comunidade LGBT e a sociedade como um todo.

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“Hoje, nós vivemos um ataque à democracia que atinge a população LGBTQI+ em cheio. Esse ataque vem tirando direitos de várias trabalhadoras e trabalhadores e populações que tem dificuldade de acesso à sua cidadania. Foi assim com todas as normativas que versavam sobre a população LGBTQI+ no campo dos Direitos Humanos, alguns do campo da Saúde e outros no campo da participação popular”, disse ela.

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A programação, com início no dia 23 de junho, vai contar com webinários temáticos e com projeções em prédios, além da Marcha Virtual (twittaço nas redes). “Estes retrocessos e este esvaziamento da política pública tem nos alertado sobre a importância de debatermos a democracia, nossas vidas e nossa existência neste período para que possamos, a partir deste debate, ter um extrato de qual resistência queremos fazer a partir de uma unidade”, ressalta.

Violências

 

Atualmente, o Brasil é considerado o campeão em crimes contra a população LGBTQI+, em especial a população transgênera. A violência neste primeiro quadrimestre aumentou 58% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da ANTRA.

“Essa pandemia nos trouxe uma realidade muito difícil que nós já alertávamos, no que se refere à violência estatal que a gente vive. Os poucos caminhos que o governo federal apontou após uma pressão popular não dão conta, devido à burocracia, de incluir e dar acesso à população LGBTI+ que vive na informalidade, não só nos empregos informais, mas as informalidades das relações sociais. Muitas pessoas LGBTQI+ não possuem sequer documento para acessar estes auxílios e tem ficado de fora”, afirma a ativista.

Outra preocupação, lembra ela, é com a violência no âmbito familiar. “Muitas de nós, por causa da necessidade de isolamento, estamos em casa e, segundo os dados de violência, é o primeiro lugar onde sofremos violências diversas. É um ambiente de extrema agressividade, violência psicológica, torturas, violência física e até estupros corretivos”.

Neste contexto de pandemia, é possível ver também uma grande precarização na relação de trabalho da comunidade LGBTI+, que acaba tendo vínculos trabalhistas muito mais frágeis e enfrenta muitas dificuldades de manutenção de sua renda, além do próprio isolamento social.

“Porque não conseguem acessar estes auxílios, muitas tem que se virar para sobreviver, e voltam a ocupar lugares de informalidade, como a prostituição. E essas ruas mais desertas tem sido alvos muito fácies para os nossos algozes, pessoas que não nos querem em vida, com direitos de existir. E o aumento de assassinato das pessoas transexuais tem aumentado em relação ao ano passado, então isso nos alerta para uma violência e violações que estamos sofrendo durante a pandemia”, explica Symmy.

O Conselho Popular LGBTI+ é composto por organizações de diversos setores, que já haviam construído uma manifestação virtual em maio. O grupo conta com entidades como CUT, Levante Popular da Juventude, MST, OAB e UNE, entre outras.

“Nesta conjuntura, é importante nos mobilizar, nos unir enquanto LGBTI, mesmo que virtualmente. Mas precisamos nos somar com os diversos movimentos de classe contra o fascismo, porque a luta LGBTI é uma luta antirracista, anti-patriarcal e anticapitalista. É necessário o impeachment do governo Bolsonaro, sim, mas é necessário também construir outra forma societária que rompam com a exploração e dominação”, lembra Alessandro Mariano.

“Nós queremos ter de volta a nossa democracia e para isso nós precisamos estar unificadas. A semana é só a celebração do nosso orgulho em estar no campo popular e de seguirmos juntas em diversas outras atividades e outros momentos de enfrentamento a este governo genocida”, conclui Symmy Larrat.

As atividades serão transmitidas a partir do facebook do Conselho Nacional LGBTI+ e retransmitidas por páginas parceiras.

Confira a programação

 

23 DE JUNHO

• Transgeneridades para além da binariedade |10:30H/12:00H

• História do Orgulho LGBTI+ |15:00H/16:30H

24 DE JUNHO

• Saúde LGBTI+, sexualidade e envelhecimento saudável |10:30H/12:10H

• Desafios e resistência da juventude LGBTI+ |14:00H/15:45H

• Orgulho e resistência LGBTI+ e o avanço do conservadorismo nas Américas |18:00H/19:45H

25 DE JUNHO

• LGBTI+ e o mundo do trabalho |10:30H/12:10H

• Resistência bissexual e lésbica e o feminismo contra o neofascismo | 15:00H/16:45H

26 DE JUNHO

• LGBTI+ e direito à cidade, território e diversidade |10:30H/12:15H

• Festival Travestilizando (@antra.oficial) |13:00H/20:30H

27 DE JUNHO

• O papel do Estado na garantia de direitos da população LGBTI+ | 10:30H/12:10H

• Negritude em evidência e resistência |14:30H/16:00H

• Projeção mapeada |21:00H/22:00H

28 DE JUNHO

• Tuitaço |15:00H/16:00H

• Lançamento do Conselho Nacional Popular LGBTI+ |16:00H/17:00H

• Ato Cultural |17:00H/20:00H

*Editado por Luciana G. Console

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