Famílias camponesas acompanhadas pela CPT no Agreste e no Sertão de Pernambuco estão mobilizadas para prestar apoio e solidariedade àqueles e àquelas que já sofrem de fome, consequência da crise provocada pelo novo coronavírus.
(CPT Equipe Agreste e Pajeú/PE)
Solidariedade, partilha e comunhão são valores alimentados todos os dias pelos povos da Terra, das Águas e das Florestas. Não poderiam agir diferente em tempos de crise e de pandemia. Em todos os cantos do estado e do país há iniciativas de doação de alimentos da agricultura camponesa a quem mais precisa. Com a comida, vai também a esperança de dias melhores e de um mundo saudável e livre de desigualdades.
No Sertão do Pajeú, famílias das comunidades Cachoeira dos Guilhermes e Ramada da Quixabeira já doaram alimentos para a população em situação de fome em seus municípios: Sertânia e Iguaracy, respectivamente. Teve feijão, milho, mandioca, jerimum e muitas frutas e hortaliças. Além dos alimentos, camponeses e camponesas dessas comunidades se voluntariaram para confeccionar máscaras de proteção a serem destinadas à população mais empobrecida dos municípios.
Para Dona Francisca, agricultura da comunidade de Ramada da Quixabeira, “é muita satisfação trabalhar no coletivo, ainda mais vendo o esforço de todos que lutam para acabar com o vírus. Vendo esse esforço, decidi me engajar com outras pessoas para fazer esse trabalho de doação. É muito importante, é o mínimo que podemos fazer. Nós precisamos ajudar o próximo”.
No Agreste de Pernambuco, famílias das comunidades São José e Flamengo também estão empenhadas em doar seus alimentos produzidos. Frutas, verduras e hortaliças vão direto para a panela e, com o tempero da solidariedade, se transformam em marmitas que estão alimentando outras famílias da periferia do município de Garanhuns. Entre a colheita dos alimentos e a entrega das marmitas, uma rede de voluntários e de voluntárias é tecida. Homens e mulheres do campo, agentes pastorais da CPT, membros de organizações sociais e de Sindicatos, juntos, contribuem para que não falte o alimento de cada dia à população mais empobrecida.
Para Eurenice da Silva, agente pastoral da CPT em Garanhuns/PE, essas doações são mais uma experiência de solidariedade das famílias camponesas, que estão acostumadas a doarem alimentos para quem tem fome, ainda mais em momentos tão difíceis como este causado pela pandemia. “As doações partem de comunidades que também sofrem dificuldades, que não têm direitos garantidos. Essas comunidades camponesas tem muita solidariedade, dividindo o que produz”.
Tanto no Sertão como no Agreste, as famílias camponesas acompanhadas pela CPT integram a campanha Mãos Solidárias, somando esforços com outras organizações e articulações, como a Frente Brasil Popular, a Pastoral da Juventude Rural (PJR), Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, a Fetape, a Associação de Educadores e Educadoras Populares (Asseduc), o Benvirá, o Movimento Camponês Popular (MCP) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).