COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Na cidade de Itaituba, no Pará, mais de 100 venezuelanos buscam asilo e suporte para suas famílias. Cerca de 60 indígenas warao dividem uma pequena casa alugada pela Prefeitura no bairro periférico do Vale do Tapajós. No local, as famílias vivem em meio à sujeira, fome e falta de informação sobre a Pandemia do Covid19, esperando por qualquer ajuda que possa vir. 

(Assessoria de Comunicação CPT Nacional - com informações e fotos do Portal Mauro Torres e Equipe da CPT de Itaituba)

O fogo de chão é a alternativa para preparar o almoço, que vai ser servido bem depois das três da tarde. A pouca comida é o que sobrou para o grupo, abrigado nas acomodações improvisadas. Na última quarta-feira (20), no meio da tarde, uma caminhonete chega trazendo a indígena Alessandra Korap, liderança da aldeia Praia do Índio, da etnia Munduruku. A ação, desenvolvida em parceria da Associação Indígena Paririp com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Itaituba (PA), tenta amenizar a situação de abandono relegada a esses indígenas.

Alessandra Korap e os agentes da CPT levaram para as famílias cestas básicas e máscaras de proteção para que elas possam se prevenir da contaminação por Coronavírus. Também foram feitas entrevistas com as lideranças do grupo, que repassaram informações sobre sua atual situação e maiores necessidades, entre elas a falta de saneamento no local, água potável, alimentos como leite para as crianças menores e mínimas condições de conforto para os idosos. Simon Simoza é quem coordena o grupo, formado de indígenas que vieram para o Brasil fugindo da crise política venezuelana.

A ação da Associação Indígena e da CPT também tem o objetivo de minimizar o sofrimento dos parentes venezuelanos desses indígenas, e incentivar para que outros segmentos também se sintam motivados a ajudar o grupo venezuelano.

Ação denuncia também falta de atuação dos poderes locais

As mulheres indígenas warao precisam ir para o centro da cidade, todos os dias, com as crianças, em busca de ajuda, tanto para eles quanto para enviar para os parentes na Venezuela. Os homens ficam na pequena casa cozinhando os poucos alimentos que recebem. De acordo com Raione Lima, da CPT em Itaituba, “as mães nos pediam fraldas e leite pois as crianças não dormem à noite com fome. Uma ou duas pessoas conseguem falar um pouco de português e espanhol, pois os demais falam a língua deles. A angústia maior deles é, também, em relação à documentação deles. Segundo relatos, alguns chegaram ao país primeiro por Santarém, onde, de acordo com eles, seus documentos foram confiscados e até hoje não foram devolvidos. Dessa forma, eles não conseguem se inscrever em programas de assistência social ou mesmo políticas públicas que pudessem mitigar, pelo menos em parte, seus problemas mais imediatos”.

Outra questão preocupante levantada pela equipe local da CPT, é a falta de informações com o grupo em relação à prevenção ao Covid19. Segundo Raione, “eles não têm qualquer orientação ou consciência de que precisam usar máscaras, lavar as mãos constantemente ou mesmo assumir outros cuidados em relação a higiene pessoal e coletiva. As mulheres e crianças saem da casa todos os dias, o que é preocupante com o aumento dos casos. Itaituba já está entrando num colapso da saúde pública. A situação é muito crítica”.

Alessandra Korap Munduruku

Alessandra Munduruku chamou a TV local na ocasião, justamente para dar visibilidade a essa situação e à necessidade de atuação emergencial do governo local e de demais organizações e grupos sociais. Além disso, a equipe local da CPT acionou o Ministério Público estadual e a Defensoria Pública relatando esse caso, para ver o que é possível fazer.

No sábado (23), o mesmo grupo retornou à casa onde estão os waraos para levar leite e fraldas para as crianças.

 

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