COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Indígena foi morto em emboscada realizada por madeireiros, no Maranhão

(Foto: Reprodução - Mídia Ninja/Patrick Raynaud)

A Comissão Pastoral da Terra, regional Maranhão, manifestou solidariedade, por meio de nota, ao povo Guajajara da TI Arariboia, em decorrência do assassinato de Paulo Paulino Guajajara, em emboscada decorrida na sexta-feira última (1º), na região do município de Bom Jesus das Selvas (MA).

O ataque, realizado por madeireiros, também deixou gravemente ferido, Laércio Souza Silva. Paulo Paulino e Laércio atuavam como guardiões da floresta defendendo a terra indígena da ação de madeireiros.

A Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), regional Nordeste 5, também expressou solidariedade ao povo Guajajara, bem como repudiou a violência orquestrada contra os povos indígenas e a omissão do estado frente aos ataques.

Leia abaixo a nota da CPT-Maranhão:

NOTA DE SOLIDARIEDADE

A Comissão Pastoral da Terra – Regional Maranhão manifesta sua solidariedade ao povo Guajajara da T I Araribóia, neste momento de dor e revolta pelo assassinato de Paulo Paulino Guajajara e do grave ferimento sofrido por Laercio Souza Silva, guardiões da floresta na noite desta sexta-feira 01.11, em Bom Jesus da Selvas, Maranhão, numa emboscada realizada por madeireiros, que apesar de tantas denúncias, há décadas invadem suas terras para roubar madeira e ameaçar a vida dos indígenas.

Pelo menos seis terras indígenas sofrem com invasões e ameaças de invasão no início de 2019

Os territórios indígenas têm sido defendidos pelos guardiões que colocam seus corpos na trincheira entre a floresta e os seus inimigos porque os governos brasileiros têm sido omissos no cumprimento da Constituição a qual juraram cumprir. Segundo o Relatório Anual sobre Violência contra Povos Indígenas no Brasil, publicado no mês de setembro pelo CIMI – Conselho Indigenista Missionário, somente de janeiro a setembro deste ano houve 160 casos e denúncias de invasão a territórios indígenas no país, contra 109 casos em todo o ano de 2018. Ainda segundo o relatório, em 2018 houve um aumento no número de assassinatos de indígenas, foram 135 em 2018 contra 110 em 2017. Esse crime vem sendo praticado pelas elites que há mais de 500 anos são responsáveis pelo genocídio dos povos indígenas e hoje tem encontrado apoio e incentivo no discurso de ódio e anti-indígena, vindo do governo federal.

Cinco povos e os rumos dos rios na Amazônia

A CPT/MA repudia todas as formas de violência, inclusive aquelas praticadas contra os povos indígenas e considera que seja necessária uma aliança urgente em defesa dos povos e seus territórios pelo direito de ser e viver contra a rede do crime organizado que os ameaçam e os matam. É urgente que parem com o genocídio aos povos indígenas!

CPT/MARANHÃO

São Luís 02 de novembro de 2019

Jornada Sangue Indígena - Nenhuma Gota a Mais

Leia também a nota da CNBB:

MENSAGEM DE SOLIDARIEDADE AO POVO GUAJAJARA
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil- CNBB, Regional NE 5, diante do conflito acontecido, no Município de Bom Jesus das Selvas- MA, no Território indígena Arariboia, onde, resultou no assassinato do Guardião da floresta, o indígena Paulo Paulino Guajajara, sendo ferido o também Guardião, Laércio Guajajara, onde não indígenas estão envolvidos, vem a público manifestar a sua solidariedade a este povo e expressar o nosso repúdio a toda sorte de violência em que sofre nossa população, de maneira particular os indígenas.

Fazemos nossas, as palavras expressas no Documento final do Sínodo da Amazônia que entregamos há poucos dias ao Papa Francisco: “A Igreja se compromete a ser aliada dos povos amazônicos para denunciar os ataques contra a vida das comunidades indígenas, os projetos que afetam o meio
ambiente, a falta de demarcação de seus territórios, bem como o modelo econômico de desenvolvimento predatório e ecocida. (Doc.Final n.46) “Para a Igreja, a defesa da vida, da comunidade, da terra e dos direitos dos povos indígenas é um princípio evangélico, em defesa da dignidade humana: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Doc. Final n.47).

REPUDIAMOS e DENUNCIAMOS a omissão e morosidade do Estado brasileiro na proteção e defesa dos territórios indígenas, cujos direitos foram assegurados na Constituição brasileira, colaborando para que em muitos lugares a violência contra estes povos aconteça.

CONCLAMAMOS com insistência para que as diversas autoridades e organismos responsáveis de proteger estes povos, apurem com transparência os fatos, protejam os doentes e os ameaçados de morte e tomem as medidas necessárias e eficazes para a resolução deste conflito e dos demais que
se arrastam há anos nas terras indígenas e quilombolas do nosso Maranhão.
Pedindo a intercessão de Todos os Santos, cuja festa celebra-se hoje, entre os quais tantos mártires que deram suas vidas em defesa de nossos povos imploramos as bênçãos de Deus para que o sonho da Terra sem males, possa acontecer, em nosso estado e país com a participação de todos nós.

São Luís, 03 de novembro de 2019.

Dom Sebastião Bandeira Coelho
Presidente do Regional NE5 da CNBB
Bispo Diocesano de Coroatá-MA

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