COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Chegou ao fim, na tarde desta quinta-feira (14), a greve de fome dos seis militantes que estavam alojados na Câmara Federal, em Brasília, em protesto contra a reforma da Previdência. Eles tomaram a decisão após o anúncio oficial feito pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de adiar a votação do texto para fevereiro do próximo ano. O protesto durou ao todo dez dias e o grupo informou que seguirá em alerta contra mobilização do governo, que pretende votar texto no começo de 2018.

 

(Fonte/Foto: Cristiane Sampaio, BdF).

O dirigente Bruno Pilon, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), considera que o adiamento é uma vitória do campo popular. “É um exemplo de que a luta de classes funciona, de que a luta do povo organizado derruba qualquer força”, completou.

O grupo anunciou, no entanto, que seguirá em alerta contra as articulações da base aliada para colocar a reforma em votação.

“Nós consideramos um passo importante — não ainda uma vitória — o adiamento da votação dessa reforma, que só interessa ao mercado e aos grandes investidores e banqueiros”, disse o frei gaúcho Sérgio Görgen, que estava entre os grevistas. 

A grevista Rosangela Piovizani, dirigente do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), exaltou a luta feminina e destacou a importância da Previdência Social para o segmento das mulheres, que passou a ser reconhecido como classe trabalhadora rural somente após a Constituição Federal de 1988.

“Nós conseguimos esses direitos com muita luta, muita mobilização, muito ato, muito abaixo-assinado. Não podemos permitir que a Constituição e os nossos direitos sejam rasgados dessa forma, ferindo a nossa dignidade e a nossa soberania como classe trabalhadora”, bradou.

Mobilização nacional

A decisão do grupo de encerrar o protesto teve um efeito dominó nas demais regiões do país. Ao todo, mais de 40 pessoas estavam em greve de fome em outros sete estados. No Rio Grande do Sul, por exemplo, eram 17 trabalhadores do campo e da cidade.

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O golpe é sistêmico

O grupo reunia membros da Igreja; do MPA; do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Quatro deles estavam em greve há quatro dias e os demais há 29 horas.

O dirigente do MPA, Maister da Silva, que estava na coordenação do ato, ressaltou que o grupo representa o conjunto da sociedade e que seguirá em sintonia com o movimento nacional de combate à reforma.

“Nós queremos que todo trabalhador tenha o direito de se aposentar conforme está previsto na Constituição de 1988, que foi uma batalha já muito dura”, disse.

Por se tratar de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), a reforma da Previdência precisa de 308 votos para ser aprovada pelo plenário da Câmara. O governo marcou a data de votação para o dia 19 de fevereiro.

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