Carta Denúncia
Aos órgãos competentes, parceiros na causa da justiça e da dignidade da pessoa humana!
Prezados Senhores,
Clamamos por justiça às 75 famílias da comunidade tradicional pesqueira e Vazanteira de Canabrava, em Buritizeiro/MG, situada às margens do rio São Francisco, em área comprovadamente de domínio da União.
A Comunidade está sofrendo hoje o 3º despejo. As 09h40, a Policia Militar (PM-MG) chegou e destruiu todos os barracos que a comunidade havia reconstruído. As famílias estão refugiadas na ilha da Esperança, e, durante o dia, na atividade de pesca, mesmo estando no canal do rio, tiros são disparados desde a margem onde os jagunços do fazendeiro estão fazendo guarda. Não se sabe se a PM ainda está junto no local, já que ninguém consegue se aproximar.
O primeiro despejo foi no dia 18 de julho, pela PM, com o mandado de reintegração de posse suspenso. A ação foi interrompida após terem derrubado 13 casas.
Escandalosamente, no dia 20 de julho, os próprios fazendeiros, herdeiros do espólio de Breno Gonzaga Junior, que se dizem donos da área, juntaram-se com fazendeiros vizinhos e com um grupo de jagunços, concluíram, ao seu modo, a ação de reintegração de posse, ainda com o mandato suspenso judicialmente. Retiraram violentamente os moradores que ali se encontravam, destruíram casas. Alimentos, roças e saquearam objetos e animais de criação.
Após retorno ao território desde 04/08/17, e terem a visita in loco da Secretária do Patrimônio da União (SPU), confirmando que as famílias estão em área indubitável da União e terem concluído relatório técnico do perito do MPF, comprovando a tradicionalidade da comunidade, o clima entre os moradores era de reconstrução do seu modo de vida. Este sonho em construção hoje foi demolido.
As famílias estão refugiadas na ilha da Esperança, próxima à área de suas moradias destruídas. A Ilha não tem as mínimas condições de se viver por mais dias. O grito é por socorro, sem saber aonde ir.
Solicitamos a cada órgão e agentes competentes, que tomem as providencias com URGÊNCIA.
24 de agosto de 2017
Conselho Pastoral dos Pescadores/CPP-MG