Com o tema “Terra e Águas: Direitos Humanos para o bem viver na Casa Comum”, Romaria reforça chamado de Papa Francisco e faz convocação para que todas e todos sejam Peregrinos de Esperança
Por Lívia Lages e Heloisa Sousa
Em um mundo marcado pela crise ambiental, desigualdades sociais e pela busca incessante por poder e consumo, o Papa Francisco chama a todas e todos a ser Peregrinos de Esperança e Igreja em Saída. Esse é um chamado para a esperança e ação, por isso, a Diocese de Barra do Piraí/Volta Redonda irá acolher em seu território a 17ª Romaria da Terra e das Águas do Estado do Rio de Janeiro. Com o tema “Terra e Águas: Direitos Humanos para o bem viver na Casa Comum”, o momento será um grande gesto de fé e transformação social com data marcada para o dia 5 de julho, em Ribeirão das Lajes.
“A Romaria da Terra e das Águas é uma mobilização de ação concreta que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) realiza em todos os estados que acompanha em parceria com igrejas, dioceses e outras entidades. Esse ato vem para chamar a atenção da sociedade para a luta por justiça social, ambiental e do bem comum. Queremos mobilizar toda a sociedade em defesa da Reforma Agrária e do acesso e proteção à água e à terra, valorizando o respeito à vida e à biodiversidade.”, explica Elaine Ferreira, coordenadora da CPT regional Rio de Janeiro/Espírito Santo.
O momento é significativo para muitas comunidades, incluindo povos tradicionais, e tem como missão celebrar a vida, preservar a natureza e reivindicar os direitos dos que são mais vulneráveis aos danos ambientais. Ao caminhar com fé e esperança, a Romaria se torna uma expressão concreta da Igreja em Saída, que não se limita aos muros das igrejas, mas vai ao encontro das pessoas e das realidades de dor e, sobretudo, de resistência, especialmente nas comunidades que enfrentam a degradação ambiental, a escassez de recursos e a invasão de seus territórios.
O Papa Francisco, em sua carta encíclica Laudato Si’, destaca que a crise ecológica está intimamente ligada à crise social. A exploração desenfreada dos recursos naturais e a concentração de riqueza geram profundas desigualdades. Com isso, a Igreja Católica, junto a outras religiões e espiritualidades, se coloca ao lado dos que estão à margem da sociedade, buscando respostas para as urgências do presente.
O chamado para ser Peregrinos de Esperança, é também o chamado para sair da zona de conforto, se colocar em caminhada e olhar com mais atenção e cuidado as diferentes realidades. A Romaria da Terra e das Águas é uma verdadeira peregrinação que atravessa os territórios de sofrimento e desigualdade, de luta e fé. Ela é um lembrete que da palavra de Deus para caminhar ao lado dos pobres e oprimidos, com alegria, a partilhar suas esperanças e desafios, e a lutar pela dignidade da vida.
Água e Terra: direitos inegociáveis
A água, como um bem comum essencial, e a terra, como fonte de sustento, são símbolos dessa caminhada. O acesso à terra e à água limpa é um direito humano fundamental, mas, muitas comunidades ainda enfrentam sérias dificuldades para garantir esses direitos. A Romaria denuncia as injustiças que atingem essas populações e, ao mesmo tempo, celebra a vida em toda a sua plenitude, buscando fortalecer o povo em marcha.
“A proposta desta romaria em Piraí é dar mais um passo para garantir o acesso à água de maneira saudável e em harmonia com a natureza, é um grande passo na conscientização de toda comunidade e de exigir do poder público solução frente aos empreendimentos que bloqueiam das comunidades do campo e da cidade o acesso ao consumo digno, saudável e sustentável do bem comum”, conta Elaine. A coordenadora ressalta ainda que a Romaria é uma caminhada que valoriza a perspectiva bíblica e o evangelho do Deus dos pobres.
O conceito de Igreja em Saída é central para a compreensão do chamado do Papa Francisco. Uma Igreja em saída não é uma Igreja que espera ser procurada, mas que vai ao encontro dos que mais precisam. Ela se faz presente nas periferias existenciais, sociais e ambientais. A Romaria da Terra e das Águas é uma perfeita expressão desse movimento, pois, ao sair de seus templos, a Igreja se coloca na linha de frente da defesa da vida.
Portanto, é essencial o compromisso de cada um a ser peregrino e peregrina de esperança e membros de uma Igreja em Saída. A Romaria é um convite para viver esse compromisso de maneira prática e transformadora, pois a nossa fé é viva e se reflete em ações concretas de justiça e cuidado com a criação.