COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Por equipe CPT Xinguara/PA
Fotos: Wilhian Martins Rodrigues / Acervo da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB Xinguara
 
 
Aconteceu em Xinguara/PA, na sede da OAB, a cerimônia de premiação do V Prêmio Frei Henri de Direitos Humanos, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da OAB Xinguara. O prêmio tem por objetivo reconhecer e valorizar trajetórias de defensoras e defensores dos direitos humanos na região sul e sudeste do Pará, marcada historicamente por conflitos fundiários, grilagem de terras, exploração do trabalho escravo e criminalização da luta social.
 
Esta edição teve um caráter ainda mais simbólico por homenagear os 50 anos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade histórica na defesa dos povos do campo, das florestas e das águas, cuja atuação foi lembrada ao longo de toda a programação da noite. A cerimônia foi conduzida pelas advogadas Daiana Adorno e Jamyla Carvalho, membras da CDH/Xinguara, que acolheram o público e introduziram os elementos de espiritualidade e memória que marcaram a abertura.
 
 
A mística inicial trouxe elementos do chão camponês: um pano vermelho estendido, representando a luta e o sangue derramado; um cesto com terra, símbolo da ancestralidade e da vida que nasce da resistência; e uma vela acesa, carregada por um jovem, representando a luz da esperança. Essa abertura silenciosa e simbólica foi acompanhada por música e leitura poética, evocando a caminhada da CPT como profecia viva e comprometida com os pobres da terra.
 
Agente histórica da CPT, Aninha de Souza também estava presente na mesa solene
 
Logo após, foi realizada a composição da mesa solene, com a presença de diversas autoridades: o presidente da OAB Xinguara, Dr. Evandro Santana; o representante da OAB/PA e da Comissão Seccional de Direitos Humanos, Dr. Adriano Mendes; o presidente da CDH/Xinguara, Dr. Rivelino Zarpellon; o coordenador da CPT/PA e Articulação das CPT's da Amazônia, Alan dos Santos; a agente histórica da CPT, Ana de Sousa; o juiz do trabalho da região, Dr. Vanilson Rodrigues Fernandes; e o reitor da UNIFESSPA, Dr. Francisco Ribeiro.
 
Além dos membros da mesa, foram saudadas diversas autoridades, lideranças e representantes de movimentos sociais presentes, como agentes da CPT de diversas regionais, professores, estudantes, trabalhadores da ocupação Jane Júlia, além de representantes de entidades como o Instituto Zé Cláudio e Maria (IZM) e da campanha “De olho aberto para não virar escravo”.
 

Homenagens

O ponto alto da cerimônia foi a entrega dos prêmios aos quatro homenageados desta edição, cujas trajetórias foram narradas com sensibilidade e detalhamento:
 
 
Danilo Lago, padre missionário italiano, atuante há décadas na região do Xingu, com forte engajamento na luta pela terra, agricultura familiar, formação de cooperativas e combate ao trabalho escravo. Com um histórico de compromisso com os povos do campo, Danilo é símbolo de uma espiritualidade engajada e transformadora.
 
 
Geuza Morgado, agente da CPT de Marabá, com trajetória marcada pela militância junto ao MST, ao MAM e à luta contra a mineração e o trabalho escravo. Com formação em Sociologia, Geuza é referência na formação política de mulheres camponesas e na incidência por direitos humanos no sudeste do Pará.
 
 
Hilário Lopes Costa, ex-padre, teólogo, agrônomo, e um dos grandes nomes da CPT em Tucuruí. Hilário enfrentou a ditadura militar, foi torturado durante a Guerrilha do Araguaia, coordenou projetos de assentamento e teve papel fundamental na mediação de conflitos agrários na região.
 
Jeane Bellini, militante histórica da CPT, religiosa estadunidense, que atua desde os anos 1980 na luta pela terra, pela erradicação do trabalho escravo e na articulação da CPT em nível nacional. Jeane não pôde comparecer presencialmente, sendo representada por Ana de Sousa e Aninha, que recebeu o prêmio em seu nome.
 

Roda de Memória e Encerramento

Após as falas das autoridades, foi realizado um momento cultural e político com o canto “Presença, Resistência e Profecia”, interpretado pela banda Filhos da Mãe Terra, seguido de uma roda de conversa sobre a história da CPT na região, com mediação de José Batista e participação de Airton dos Reis e Leila Barbosa. O espaço permitiu que antigos e novos agentes da CPT compartilhassem relatos, desafios e esperanças, reforçando a luta por justiça agrária como tarefa coletiva e geracional. A programação finalizou com uma confraternização cultural na parte externa da OAB, com muita comida, música ao vivo e celebração popular em um momento descontraído.
 

Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline
Save