“Nós, mulheres camponesas, seguimos rompendo cercas e silêncios, lutando pelo direito de produzir, decidir e viver com dignidade em nossos territórios.
Celiane, vulgo Preta, Articulação Camponesa do Tocantins e liderança do P.A Antônio Moreira - TO
Por Teresinha Menezes/CPT-PI e Ludimilla Carvalho CPT A-T
Foto: Ludimilla Carvalho CPT A-T
Com o objetivo de promover a preservação da sociobiodiversidade do Cerrado nos estados do Piauí, Goiás e Tocantins e a partir da valorização dos saberes e fazeres das mulheres camponesas a Comissão Pastoral da Terra, através da Articulação do Cerrado, dá início, ao projeto “Gênero e Biodiversidade: Falas das mulheres do Cerrado”
A relação entre gênero e biodiversidade é fundamental para a o meio ambiente e a justiça social. As mulheres, especialmente em comunidades tradicionais, desempenham um papel essencial na conservação da biodiversidade, pois muitas vezes são responsáveis pelo manejo de sementes, cultivo de plantas medicinais e transmissão de conhecimentos ecológicos. No entanto, enfrentam desigualdades no acesso a recursos naturais e conflitos por terras, águas e direitos. Promover a equidade de gênero nas políticas ambientais fortalece a conservação da biodiversidade, garantindo que diferentes perspectivas e saberes contribuam para a resiliência dos ecossistemas e o bem-estar das comunidades.
Com isso, as ações do projeto têm como base fortalecer a participação feminina nas organizações comunitárias e coletivos de luta, garantindo melhor compreensão das desigualdades de gênero, adotando medidas de redução das desigualdades, com uma política de gênero e de valorização da participação das mulheres nos espaços públicos, resultando no fortalecimento da segurança, no crescimento da renda e na melhoria da qualidade de vida.
Nos meses de janeiro e fevereiro foram realizados encontros de planejamento nos três estados em que o projeto irá atuar, reuniões e visitas de preparação e mobilização para o as atividades nas comunidades e elaboração de documentos que serão utilizados durante a implementação do projeto.
No mês de março, durante os dias 07 a 09, no Tocantins, como parte das ações do projeto foram realizados um encontro de mulheres, uma oficina sobre gênero e protocolo de segurança e uma feira da agricultura familiar das mulheres camponesas.
Foto: Ludimilla Carvalho CPT A-T
O Encontro de Mulheres que aconteceu na Casa Dona Olinda, em Araguaína-TO, com o tema “Mulheres Camponesas: Rompendo as Cercas dos Silêncios, celebrou a luta das mulheres por direitos, autonomia e reconhecimento do trabalho que desempenham em defesa dos seus territórios.
O encontro é um espaço onde reafirmamos a força da nossa organização e a necessidade de seguir unidas na construção de um campo sem violência e sem exploração”, destacou Celiane, vulgo Preta, articuladora da Articulação Camponesa do Tocantins e liderança camponesa do P.A Antônio Moreira.
A programação do encontro contou com oficinas temáticas, promovendo espaços de debate e troca de experiências sobre as desigualdades de gênero no campo e estratégias para superá-las.
Foto: Ludimilla Carvalho CPT A-T
A oficina de Gênero e protocolo de segurança deu início a construção, de fato, a um protocolo de segurança baseado na realidade das mulheres camponesas, evidenciando as formas de autoproteção utilizadas por elas em seus territórios. Este protocolo é um dos resultados esperados pelo projeto.
Foto: Ludimilla Carvalho CPT A-T
A feira da Agricultura Familiar e Artesanatos das Mulheres Camponesas, realizada na Via Lago, cartão postal e importante complexo de turismo, lazer e negócios da cidade de Araguaína, reuniu uma diversidade de produtos artesanais de qualidade, diretamente das hortas, roças e quintais produtivos das famílias camponesas. Estiveram presentes 120 expositores que aatenderam um público de aproximadamente de 1500 pessoas;
Foto: Ludimilla Carvalho CPT A-T
“A feira é um momento de esperançar e resistir. Aqui, mostramos nossa produção, nossa cultura e nossas trajetórias. Lutamos para ter terra e permanecer em nossos territórios com dignidade, produzindo alimentos saudáveis e garantindo o futuro das novas gerações”, destacou Dourilene Rocha, articuladora da Articulação Camponesa do Tocantins e liderança camponesa da comunidade Chaparral, cuja as famílias foram vítimas de um arbitrário e injusto despejo em 2023.
A feira integrou a agenda do 8 de Março – Dia Internacional da Mulher, reafirmando a importância do protagonismo feminino na produção de alimentos e na defesa dos territórios camponeses
Foto: Ludimilla Carvalho CPT A-T
O projeto Gênero e Biodiversidade tem apoio e parceria do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e Critical Ecosystem Partetnership Fund (CEPF). O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos é uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Conservação Internacional, da União Europeia, da Fundação Hans Wilsdorf, do Fundo Global para o Meio Ambiente, do Governo do Japão e do Banco Mundial. Uma meta fundamental é garantir que a sociedade civil esteja envolvida com a conservação da biodiversidade.