COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Por Letícia Queiroz, da Escola de Ativismo

Evento destacou as ações de resistência dos povos que protegem os territórios em meio ao avanço do agronegócio

A Comissão Pastoral da Terra Maranhão (CPT-MA) realizou, entre os dias 13 e 16 de fevereiro, o 2° Encontro das Comunidades Tradicionais da Região Sul do Maranhão. O encontro aconteceu na comunidade Boa Esperança, na zona rural de Formosa da Serra Negra, no Maranhão, com objetivo de compartilhar experiências entre as comunidades e suas formas de resistência. 

Durante os dias de reunião foram traçadas estratégias para o fortalecimento dos povos que enfrentam o avanço da violência, do agronegócio e de projetos como o MATOPIBA que ameaçam biomas, a cultura, a alimentação, o bem viver e a vida nas comunidades. 

O evento apoiado pelo Fundo Casa contou com a participação de mais de 60 pessoas das comunidades Boa Esperança, Brejo Escuro, Tirirical, Angico, Pau Amarelo, Imburuçu, São Pedro, Vila São Pedro, Galheiros e Quirino, além das Organizações Escola de Ativismo e Justiça nos Trilhos.

O encontro contou com a partilha da comunidade Boa Esperança, que fez memória dos ancestrais que fizeram a defesa do território e a continuação dos que continuam no enfrentamento. Entre as dificuldades citadas pelas comunidades estão o desmatamento, ameaças de morte e a grilagem de terras. A maioria das comunidades citou que é afetada pela pulverização de agrotóxico e que até a água, que antes era potável, está comprometida. As comunidades ainda precisam enfrentar difícil acesso à saúde e educação e a falta de apoio de órgãos públicos para resolver as questões de invasões territoriais. 

Também são problemas comuns entre os povos e comunidades o envenenamento de babaçuais e de outras árvores, a destruição de roças, incêndios criminosos e tentativas de expulsão por parte de fazendeiros e grileiros.

Um dos dias da programação foi dedicado à explanação sobre os impactos do MATOPIBA - região formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - e sobre o histórico de violência que tem causado conflitos que tiram a vida das comunidades tradicionais.

A advogada popular Fernanda Souto, da Justiça nos Trilhos, explicou questões jurídicas às comunidades e falou sobre leis, licenças, processos e consultas prévias. Fernanda deu orientações sobre como agir quando houver intimidações e, em parceria com a Escola de Ativismo, falou sobre segurança das comunidades.

Márcia Palhano, coordenadora da CPT-MA, informou às comunidades sobre o Projeto de Lei de Iniciativa Popular contra a pulverização aérea de agrotóxico no estado. O documento, que está em processo de coleta de assinaturas, foi lido e os povos foram orientados sobre a forma correta para colher assinaturas. Também foi aplicado um instrumento comum às comunidades para fazer levantamento das perdas naturais e da violência que o MATOPIBA tem causado a esses povos. 

Ao final do evento foram compartilhadas as próximas agendas da região. As comunidades saíram do evento acreditando que a luta e a resistência são as únicas formas de manter uma vida digna no campo.

 

A resistência se sustenta na coletividade, na partilha de conhecimentos e na fé no futuro. Cada ato de defesa da terra é um ato de reafirmação da existência de um povo, de sua cultura e de sua conexão com a natureza. Assim, a luta não é apenas por um território físico, mas por vida digna e pelo direito de viver em harmonia com a terra, como fizeram os ancestrais e como farão as futuras gerações.

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