COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Da Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama)

Mais uma tragédia anunciada no Maranhão: a comunidade tradicional Curva, em São Mateus, foi alvo de um ataque criminoso com agrotóxicos lançados por drone, nesta terça-feira (14). O veneno, utilizado sob o pretexto de matar “ervas daninhas”, devastou o trabalho de subsistência, atingindo plantações de feijão, árvores frutíferas e outras leguminosas. Famílias que dependem dessas terras para sobreviver estão agora à mercê da insegurança alimentar.

“Hoje, meio-dia, fui na minha roça ver. Fiquei triste, meu feijão tava tão bonito, já bajeando…  Agora está tudo perdido”, desabafou um agricultor que teve sua produção completamente destruída.

Os moradores denunciam que o veneno foi jogado para “matar unha-de-gato e sabiá”, mas atingiu toda a área agrícola da comunidade. Além disso, aponta que o responsável pelo ataque seria um fazendeiro que, após comprar terras na região, tem utilizado de forma indiscriminada desta prática tentando expulsar as famílias de seus territórios tradicionais.

Avanço do uso de drones no campo gerou também aumento de denúncias por contaminação de agrotóxicos no Maranhão - Foto: Wenderson Araujo/Trilux

UMA GUERRA QUÍMICA CONTRA AS COMUNIDADES TRADICIONAIS

Infelizmente, esse não é um caso isolado. Em 2024, 231 comunidades de 35 municípios maranhenses foram vitimadas pela pulverização aérea de agrotóxicos, segundo levantamento da Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama), Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão (Fetaema) e Laboratório de Extensão, Pesquisa e Ensino de Geografia da Universidade Federal do Maranhão (LEPENG/UFMA). O impacto vai muito além das lavouras: poços, riachos e rios são contaminados, peixes morrem, animais adoecem e pessoas são intoxicadas. Acesse o relatório neste link.

Ainda segundo o relatório, 94% das contaminações por agrotóxicos em 2024 no estado foram realizadas por drones, evidenciando uma prática cruel que coloca em risco a vida humana, os animais e o meio ambiente. Denúncias apontam que os drones estão sendo usados não apenas para pulverização de pesticidas, mas como instrumentos de intimidação, perseguição e expulsão de agricultoras e agricultores familiares de suas terras. 

No Território Alegria, em Timbiras, relatos semelhantes mostram que o veneno contamina não só a terra, mas a dignidade de quem resiste para permanecer em seus territórios. Em algumas comunidades no Maranhão se verifica que, o campo de soja fica a menos de dez metros das moradias, escancarando o descaso com a saúde das famílias e o meio ambiente.

BASTA DE AGROTÓXICOS!

Liderada pela CNBB Regional Nordeste 5, com adesão das Pastorais Sociais da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), e organizações civis como a Cáritas Regional Maranhão e a Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), a campanha “Chega de Agrotóxicos” busca assinaturas para proibir a pulverização aérea de agrotóxicos no Maranhão, além de promover a agroecologia e a proteção das comunidades livres de agrotóxicos. É urgente que o estado e os órgãos competentes intervenham para proteger as comunidades e banir a pulverização aérea de veneno no Maranhão. Essa prática criminosa, destrói vidas e territórios.

Conheça e apoie a Campanha “Chega de Agrotóxicos”

Queremos Territórios Livres de Veneno!!!

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