Entre os dias 22 e 24, CCVC estará em diferentes territórios para realizar atividades junto às comunidades
A Campanha Contra a Violência no Campo vai realizar, nesta semana, uma Missão no Território no estado de Pernambuco. Entre os dias 22 e 24, a CCVC vai estar presente em diferentes comunidades realizando atividades de incidências junto à população.
No dia 22, a Campanha estará no município de Tamandaré (PE) para uma oficina de autoproteção na Comunidade Canoinhas, região Mata Sul. A CCVC lembra a todas e todos que essa é uma região de conflitos agrários. Recentemente, uma agente da CPT foi atacada e ameaçada no local. Já no dia 23, vamos realizar um encontro de articulação da Campanha no Estado, das 08h às 13h, no município de Palmares (PE).
Pernambuco registrou 59 conflitos no campo ao longo de 2023, incluindo disputas por terra, água e batalhas trabalhistas, segundo o caderno de Conflitos no Campo 2023 da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Mais de 18 mil camponeses e camponesas foram impactados pelos conflitos em 2023, conforme o documento.
Dos 5.568 municípios brasileiros, a CPT registrou violência contra pessoa em conflito no campo em 492 deles nos últimos 10 anos. A região nordeste é a que mais apresenta ocorrências de conflito, com um total de 1.146.
No Brasil, ao todo, foram notificados 973 conflitos no campo em 2023, representando aumento de 8% em relação ao mesmo período de 2022, quando ocorreram 900 conflitos. Em 2020, ocorreram 1.007 conflitos. Nos últimos dez anos, 2015 teve o primeiro semestre com o menor número de conflitos: 551.
Lideranças ameaçadas
Um dos casos mais emblemáticos de violência no campo, em Pernambuco, neste ano foi contra a agente pastoral Edina Maria da Silva, da CPT. No dia 18 de setembro, ela foi espancada e ameaçada de morte no interior do estado. Edina voltava da faculdade, no município de Palmares (PE), para a comunidade de Canoinha, em Tamandaré, na Mata Sul do estado, região marcada por muitos conflitos de terra e violência.
Ao descer do ônibus escolar, ela e dois outros jovens estudantes foram abordados por um homem armado e encapuzado. Após roubar os celulares das vítimas, o criminoso dispensou os dois jovens e sequestrou Edina. O homem, com uma pistola em mãos, conduziu a agente pastoral por quilômetros de distância da comunidade, onde começou a espancá-la e praticar uma série de violências.
Edina foi informada de que seria morta, momento em que entrou em luta corporal com o agressor para salvar a própria vida. Após muito esforço, ela conseguiu se soltar e escapar do local ao pular uma cerca de arame farpado. Depois de caminhar por cerca de 10 km, chegou à comunidade mais próxima, onde foi socorrida. Durante as agressões, o criminoso repetiu várias vezes: "Quem me pagou mandou lhe matar".
Na ocasião, a CPT acionou a polícia, o Ministério Público, a Comissão de Conflitos do Governo Estadual, a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e os demais órgãos de proteção a defensores de direitos humanos.