COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Edição: Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)

PRELAZIA DO MARAJÓ - REGIONAL NORTE 2 DA CNBB (PARÁ E AMAPÁ)

MENSAGEM AOS CATÓLICOS E ÀS CATÓLICAS - ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2024

O Papa Francisco nos ensina que “a política... é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nº 205).

A CNBB em sua Mensagem para as eleições municipais de 2012 afirmou que “as eleições municipais têm uma característica própria em relação às demais por colocar em disputa os projetos que discutem sobre os problemas mais próximos do povo: educação, saúde, segurança, trabalho, transporte, moradia, ecologia, lazer. Trata-se de um processo eleitoral com maior participação da população porque os candidatos são mais visíveis no cotidiano da vida dos eleitores. A sua importância é proporcional ao poder que a Constituição de 1988 assegura aos municípios na execução das políticas públicas”.

E dizia, também, que “as eleições são, portanto, momento propício para que se invista, coletivamente, na construção da cidadania, solidificando a cultura da participação e os valores que definem o perfil ideal dos candidatos. Estes devem ter seu histórico de coerência de vida e discurso político referendados pela honestidade, competência, transparência e vontade de servir ao bem comum. Os valores éticos devem ser o farol a orientar os eleitos, em contínuo diálogo entre o poder local e suas comunidades”. 

Queremos nos dirigir aos católicos e católicas que já são eleitores e eleitoras, em nossos nove municípios que compõem a Prelazia do Marajó, indicando princípios que devem nos orientar nesta atividade política, neste ano de eleição municipal:

  • 1. Participar e exercer nosso direito/dever de VOTAR

Nós não devemos nos abster (deixar de comparecer), nem anular ou votar branco. Pensando no bem comum, objetivo maior de toda atividade política, devemos escolher um entre os Projetos para os nossos municípios e votar para o Poder Executivo (Prefeitura) e para o Poder Legislativo (Câmara de Vereadores).

  • 2. Não votar por revolta ou por ódio aos partidos e aos políticos

Nossa Igreja nos ensina sem cessar que devemos usar de nossa inteligência na hora de votar. Isto significa que nosso voto deve ser dado com consciência e responsabilidade. Devemos Votar no candidato à Prefeitura e à Câmara de Vereadores que apresentar o melhor Projeto, que venha a promover o bem comum. Segundo o Catecismo da nossa Igreja, este bem comum comporta três elementos essenciais: respeito pela pessoa humana, o bem-estar social e a paz (cf. nºs. 1906 a 1909). Votar simplesmente para protestar ou por revolta torna-se uma falta de responsabilidade. 

  • 3. Votar pela Amazônia

Na hora de escolher o Projeto para os nossos municípios, merece levar em consideração, para nós que vivemos no Norte do Brasil, no Pará e no Marajó, quem se compromete com a preservação de nosso Bioma Amazônia, que defende a preservação de nossa Floresta, Rios e Lagos, bem como defende o respeito aos territórios e culturas dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Os bispos da Amazônia brasileira reunidos em Manaus (AM) de 19 a 22 de agosto emitiram uma mensagem sobre a eleição municipal. Nesta carta, nossos bispos nos orientam assim: “Votemos responsavelmente pela Amazônia! É urgente nos municípios de nossos territórios políticas públicas que minimizem os efeitos das mudanças climáticas, favoreçam a agricultura familiar e as iniciativas agroecológicas, enfrentem o escandaloso problema do saneamento básico, dando tratamento eficaz aos resíduos sólidos urbanos, através dos aterros sanitários... apoio à fiscalização, identificação e punição dos crimes ambientais”. 

  • 4. Votar lembrando que o Voto não tem preço e sim consequências

Queremos lembrar que o nosso Voto de ser dado e não vendido. Comprar e vender voto é crime, segundo a Lei 9840/1999, lei aprovada a partir de um projeto de lei de iniciativa popular, que nossa Igreja Católica propôs, a partir da Campanha da Fraternidade de 1996, Fraternidade e Política. Nosso voto deve ser, portanto, Responsável, Livre, e Consciente, pensando sempre no bem comum do município onde moramos.

  • 5. Votar levando em conta os ensinamentos da Palavra de Deus, especialmente os ensinamentos de Jesus 

Entre estes ensinamentos que devem se tornar critérios para a escolha de em quem vamos votar, estão:

  • a) Um Projeto fundamentado no amor

“Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 13, 34). “O amor é o pleno cumprimento da lei” (Rm 13, 10).

Quem propõe ações contrárias ao amor, foge da proposta de Jesus e não merece o nosso voto.

  • b) Um Projeto fundamentado no perdão e na misericórdia

“Vocês ouviram o que foi dito: ‘olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês” (Mt 5, 38-39). “Não paguem a ninguém o mal com o mal... Não façam justiça por própria conta... Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem” (Rm 12, 17.19.21). “Todos vocês são irmãos” (Mt 23, 8).

A situação de violência a que somos afetados, todas as formas de violência (física, psicológica, privação de direitos, silenciosa) não pode nos induzir a abraçar a solução fácil da violência para superar a violência. Nossa Igreja diz não à pena de morte oficial (aprovada por lei) ou indireta (feita por cada pessoa que porte uma arma de fogo). Esta falsa solução somente faz aumentar a insegurança e a violência na sociedade, bem como somente os mais pobres, negros e grupos minoritários serão vítimas e muitas vezes, vítimas injustas, fruto do preconceito. Não merecem nosso voto, candidatos e partidos que apoiam a pena de morte, a liberação de uso de armas, que incentivam e fazem a discriminação das pessoas por causa da cor da pele, da região onde nasceu ou vive, da religião, que defendem a militarização dos governos e da educação.

  • c) Um Projeto fundamentado na promoção da VIDA, maior dom que Deus nos deu

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).

Vida desde a concepção, passando por todas as etapas, da criança que nasce, cresce, chega à adolescência e à juventude, chega à idade adulta e depois na velhice, morre naturalmente. Por isto nossa Igreja diz NÃO a todas as formas de atentado à vida humana. Temos que votar no Projeto que em nossos municípios garanta sempre a vitória da vida e os direitos inalienáveis de toda pessoa humana: direito de nascer, de ter uma família, de ter moradia, alimentação, condições de conservar e recuperar a saúde, acesso à educação de qualidade (da alfabetização até o ensino superior), trabalho com justa remuneração, liberdade religiosa, de expressão e de ir e vir; ter direito de escolher nossos representantes pelo voto direto e livre e de participar da vida política do país, do estado e do município; direito de organizar-se em associações, sindicatos e ONGs para trabalharem pelo bem comum. 

  • d) Um Projeto fundamentado no serviço aos mais pobres

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Notícia aos Pobres... (Lc 4, 18). “Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25, 40).

“Fizeram isso a um dos menores”: com fome, demos de comer; com sede, demos de beber; estrangeiro, recebemos em casa; sem roupa, vestimos; doente e preso e fomos visitar. Disse Jesus: “foi a mim que o fizeram”, numa clara opção de Jesus pelos pobres. Tiago, Pedro e João pediram a Paulo que se lembrassem dos pobres. Paulo declara: “Isso eu tenho procurado fazer com muito cuidado” (Gl 2, 10). Nosso voto tem que ser no Projeto que indique claramente que dará uma atenção particular, preferencial aos pobres, excluídos e marginalizados, que garanta a superação das desigualdades sociais.

Em Cristo e Maria, Mãe da Consolação e da Amazônia!

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV

Prelazia do Marajó - Pará

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