Com informações da CPT Regional Acre e jornal Varadouro
O estado do Acre vive uma das piores secas de sua história. Na capital, Rio Branco, o nível do Rio Acre atingiu a marca de 1,41 metros, ficando apenas 16 centímetros acima do menor nível já registrado desde o início das medições, conforme dados do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), da Secretaria do Meio Ambiente (Sema). A situação crítica levou o governo federal a reconhecer o estado de emergência em todos os 22 municípios acreanos, conforme a Portaria nº 2.850, publicada no Diário Oficial da União (DOU) e assinada pelo secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff.
Os impactos desta seca extrema são perceptíveis nas duas bacias que formam o Acre: a do Purus e a do Juruá. O volume baixo de mananciais coloca em risco o acesso de comunidades à água potável e alimentos. No começo do ano, muitas já tinham perdidos os roçados para a alagação – além do impacto da estiagem severa de 2023. Em muitos pontos, onde antes havia água, agora apenas estão grandes bancos de areia às margens dos rios.
O agravante das queimadas
Há mais de um mês, Rio Branco permanece em estado de emergência, à medida que a seca extrema continua a devastar a região. O Acre, historicamente sujeito a cheias e secas severas, enfrenta um cenário ainda mais dramático devido às queimadas que se alastram pela floresta amazônica, cobrindo o céu de fumaça e piorando as condições de vida da população.
O rastro do fogo pode ser visto no ambiente e através dos satélites de monitoramento. Segundo o Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (Labgama), da Ufac em Cruzeiro do Sul, até o último dia 31 de julho, o Acre registrou 17.228 hectares de cicatrizes de queimadas em seu território – ou seja, a marca do fogo deixada no solo.
Emergência Climática
A emergência climática parece ter se instalado de forma permanente na região, que luta para sobreviver em meio a desastres naturais cada vez mais frequentes e intensos. A falta de água e os incêndios florestais colocam em risco a saúde, a economia e a subsistência das comunidades locais, que dependem dos recursos naturais para sobreviver.
Com a seca, o acesso à água potável torna-se cada vez mais escasso, e provoca impactos socioeconômicos no estado. As autoridades locais e federais estão em alerta máximo, mas a solução para a emergência climática no Acre requer ações coordenadas e de longo prazo, que vão além das medidas emergenciais atualmente em vigor.
O cenário no Acre é um reflexo das mudanças climáticas globais, que têm intensificado eventos extremos em diversas partes do mundo. A população do estado, já acostumada a enfrentar as adversidades do clima, agora se vê desafiada por um novo patamar de instabilidade ambiental, que demanda respostas urgentes e eficazes.