COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Com informações da CPT Regional Rondônia

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Rondônia realizou, nesta segunda-feira (5) no auditório da Cúria Arquidiocesana em Porto Velho, o lançamento do relatório Conflitos no Campo Brasil, bem como a cartilha Conflitos no Campo 2023 – Análise dos dados registrados em Rondônia. A cartilha, que traz um recorte dos conflitos no estado e na região, contém um texto de análise escrito pelo prof. dr. Afonso Chagas, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que também contribui com a CPT.

Entre 2022 e 2023, os registros de conflitos aumentaram em mais de 113%, passando de 87 para 186 ocorrências (sendo 162 conflitos por terra), colocando Rondônia na quarta colocação entre os estados com maiores registros no país, e no segundo lugar na região Norte, atrás apenas do Pará. No caso de violência contra a pessoa, os registros apontam a ameaça de morte como a maior forma de violência utilizada, com um total de 55 ocorrências, contra 19 registradas no ano de 2022. Ao todo, 5 pessoas foram assassinadas no Estado, todos trabalhadores rurais sem-terra.

Analisando a distribuição espacial dos conflitos no estado, o prof. Afonso, no texto de análise da cartilha, destaca que é pelo eixo das rodovias que vai se consolidando o avanço da frente de expansão da fronteira agrícola (agronegócio do boi, soja e milho), um esforço do agronegócio para expandir as fronteiras do capital no campo, mesmo que isto custe muitas violações de direitos, infelizmente tendo o Estado como grande aliado, inclusive no abandono dos assentamentos de reforma agrária e da demora sem fim, em reconhecer territórios dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. A grilagem e a apropriação de terras públicas também acontece principalmente na região de Porto Velho, Vale do Jamari, Cone Sul e Vale do Guaporé.

“O nível de conflito alto revela a relação destas ocorrências com o avanço e expansão da fronteira agrícola sobre o bioma Amazônia, que vem se intensificando nos últimos anos, sobretudo com a implementação da Zona de Desenvolvimento Sustentável Abunã-Madeira (Amacro), abrangendo o norte do Estado de Rondônia, o Sul do Amazonas e o Leste do Acre. Na verdade, em números, as ocorrências do conflito no campo, demarcam esta região como epicentro da violência na Amazônia,” afirma.

Os dados também foram apresentados na cidade de Ji-Paraná, no 4º Fórum Internacional sobre a Amazônia (FIA – Regional Rondônia), que acontece de 07 a 09 de agosto. No evento organizado pela Universidade de Brasília (UnB), UNIR e Instituto Federal (IFRO), a apresentação também teve a participação do bispo Dom Norberto Förster, da Diocese de Ji-Paraná, bispo referência de acompanhamento da CPT na Grande Região Noroeste, seguida de um pequeno debate com os participantes.

Apresentação no 4º FIA também teve a participação do Dom Norberto Förster, bispo da Diocese de Ji-Paraná

“Rondônia, no contexto da Amacro, segue sendo um estado muito violento, e proporcionalmente segue como um dos estados mais violentos do país. Nosso objetivo é transmitir e denunciar essas violações nos diversos espaços”, afirma Welington Lamburgini, que integra a Coordenação Regional.

“Em todos os seis regionais da CPT em Rondônia, agentes e equipes, junto aos movimentos sociais, às comunidades tradicionais e às vítimas da violência e da ganância, foram testemunhas das muitas pressões e tensões no dia a dia. Esta dura experiência faz restaurar cada vez mais, a missão da CPT, de ser presença profética, testemunha da esperança e da solidariedade às lutas do povo, por terra, direitos, territórios e dignidade”, acrescenta  o prof. Afonso.

Acesse aqui a cartilha de Análise dos dados de conflitos no campo em Rondônia.

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