COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Com informações da CPT Regional Acre
Edição: Carlos Henrique Silva (CPT Nacional)

Aproximadamente 35 famílias, que ocupam parte do Seringal Novo Natal (situado no Km 98 da BR 317, na divisa entre os estados do Acre e Amazonas) desde o ano de 2022, estão amedrontadas e pedem socorro devido ao alto número de violência na região. Elas não ficam permanentemente na ocupação, com medo de sofrerem violências por parte do fazendeiro que diz ser dono da propriedade (mesmo sendo terras da União), e que contratou jagunços para atirarem contra os trabalhadores.

Nesta segunda-feira (20), por volta de 8h da manhã, vários capangas que estavam atrás de moitas, em tocaia, alvejaram os trabalhadores com vários tiros. Três agricultores levaram tiros na cabeça (sendo dois deles na região dos olhos) e um agricultor foi alvejado com um tiro na perna. As vítimas foram atingidas com os estilhaços de chumbo que se espalham na detonação dos cartuchos do tipo do armamento. Os agricultores foram socorridos para a cidade de Rio Branco/AC, para serem atendidos no hospital local e também realizarem Boletim de Ocorrência.

Os trabalhadores não ficaram gravemente feridos, mas a violência é uma constante na região, e o temor é de um massacre contra a comunidade. “Já perdemos as contas da quantidade de vezes que saímos e quando retornamos nossos barracos estão queimados, me lembro de umas 5 a 6 vezes”, relata um dos moradores da ocupação. Outros episódios de ameaças com tiros, ameaça de morte e tortura já aconteceram no mês de abril passado.

Na área que é propriedade da União, mas está localizada no que seriam os limites da Fazenda Fusão, as famílias tentam plantar para sobrevivência, com plantios de mandioca, banana e coletam castanha, devido a área ter castanha em abundância.

As famílias estão sendo monitoradas pro drones e capangas a serviço dos fazendeiros. Devido aos episódios de violência e ao temor de um agravamento da situação, elas fecharam a BR 317 em protesto, esperando que a Polícia chegue para uma explicação diante do fato, e que possa dar cobertura para que voltem ao acampamento e peguem seus pertences. Mesmo com as ameaças, as famílias declaram que vão continuar na terra e não desistir da luta, pois este é um direito que as assiste, a terra é pública e o grileiro, na verdade, é o fazendeiro.

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