COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Invasores com tratores e escoltados por homens armados ameaçam expulsar e matar pessoas da comunidade 

Por Cláudia Pereira | Articulação das Pastorais do Campo

Na manhã de terça-feira (09), a comunidade de Pacoã, que integra o território Quilombola Sudário, município de Pinheiro (MA), foi invadida por tratores escoltados de homens armados. As lideranças relatam que as máquinas pesadas invadiram a comunidade por volta 09h da manhã, no percurso, entre os tratores havia carros com homens armados que ameaçaram expulsar e matar as famílias da comunidade. No sábado (06) enquanto as comunidades dos territórios estavam reunidas em atividades, jagunços tentaram invadir e o mutirão das comunidades impediram os tratores que foram obrigados a retornar.  infelizmente nesta manhã os jagunços voltaram e invadiram a comunidade.

 

As ameaças são constantes e aproximadamente mil famílias e o território estão sendo impactados pelos invasores que devastam a floresta e o bioma da região. Os invasores estão destruindo os meios de sobrevivência sustentável das comunidades que vivem da pesca, roça, hortaliças e do extrativismo da região que inclui pequi, bacabeiras e outros.  As lideranças afirmam que boa parte da área de preservação dos pequizeiros os tratores já derrubaram.  A comunidade Pacoã é certificada pela Fundação Palmares e luta junto a outras comunidades do território pela regularização das terras. O território tem enfrentado desde 2020 atos de estelionatários que vendem as terras para várias pessoas, entre elas o empresário Paulo Roberto Lopes Cavalcante, conhecido por “Paulo Guedes”.  Desde então o tal empresário começou os atos de repressão e invadir a comunidade de Pacoã no período da noite com os tratores para devastar as áreas de preservação.

 

O território que atua de forma coletiva, tem apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do MOQUIBOM, Movimento Quilombola do estado do Maranhão. As comunidades são assediadas o tempo todo pelos estelionatários e empresários que cobiçam a região pela qualidade e produtividade da terra para o plantio da soja. As lideranças das comunidades relatam que representantes do legislativo do município de Pinheiro são coniventes e apoiam os invasores. Recentemente o empresário “Paulo Guedes” abriu Boletim de Ocorrência acusando a liderança da comunidade de cometer ameaças contra ele. O fato de hoje foi denunciado à polícia que até o período da tarde ainda não havia comparecido na comunidade.

 

“A situação da comunidade de Pacoã é preocupante. Ver nos rostos das pessoas o medo e apreensão nos revolta. As nossas únicas armas são a palavra e as ferramentas de trabalho que usamos somente para plantar e colher”, disse uma das lideranças.

 

Nestes últimos atos violentos dos invasores, as lideranças afirmam que ninguém apresentou nenhum documento ou licença ambiental. As comunidades exigem dos órgãos e autoridades do estado uma ação de urgência para preservar em especial a segurança das famílias e a garantia de seus territórios.

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