COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Vista aérea do bairro Mutange. Foto: Jonathan Lins/Folhapress

 

NOTA DE REPÚDIO

 

"...Porque «um crime contra a natureza
é um crime contra nós mesmos
e um pecado contra Deus»".
(Papa Francisco, LS, 8)

 

                        A Comissão Pastoral da Terra de Alagoas (CPT/AL) e a Pastoral Nacional da Moradia e Favela vêm a público, com indignação, protestar contra mais um episódio da infame tragédia criminosa causada pela Braskem em nossa capital. Se não bastasse a expulsão de mais de 60 mil famílias de seus lares, a destruição de espaços de vida e memória, causando a morte de dezenas de pessoas envolvidas na mesma desgraça, no dia 28/11, veio à público o iminente colapso da Mina 18 na região do Mutange, ameaçando a vida da lagoa Mundaú, de seus pescadores e tantas outras pessoas vulneráveis de outros bairros, com destaque para os invisibilizados Bom Parto e dos Flexais, que já sangram há meses diante das crateras abertas pela mineração da empresa na terra e nos corações da gente da terra.

                        Denunciamos, ainda, com base em testemunhos, a truculência por parte da Defesa Civil municipal, utilizando a força policial e as viaturas da Braskem para remover as pessoas das suas casas na madrugada da quinta-feira (30/11), oferecendo apenas escolas creches como abrigo delas, mas sem respeito às suas escolhas, suas propriedades e, inclusive, aos pertences pessoais que tiveram que ser deixados para trás. Também não houve sensibilidade com os pacientes do Hospital Sanatório, realocados às pressas para outras unidades de saúde. Tais situações podem se configurar como graves violações de direitos humanos.

                        A pergunta é o porquê disso tudo? Não podemos fechar os olhos para o crime da petroquímica Braskem, tampouco para a prática dos governantes municipal, estadual e federal que se colocam a serviço de um neoliberalismo desenfreado e sua necropolítica prontos para destruir toda rede infra estrutural no território que estão ocupando, promovendo a morte através da escassez.

                        Por sermos seguidores do Mestre Jesus de Nazaré, aquele que veio promover a vida em abundância, vida para todos (Jo,10) e fazendo coro com o Papa Francisco: "Nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos", nós, da CPT, juntamente com os homens e mulheres de boa vontade, repudiamos esse instrumento de desumanização levado a cabo pela violência política, policial e simbólica promovida pelas referidas autoridades e sua ganância, fome de violência e poder.

 

Maceió, 02 de dezembro de 2023.

Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Alagoas

Pastoral Nacional da Moradia e Favela

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