COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Por Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional), Dimas Souza (GT das Juventudes Rurais do Bico do Papagaio) e equipes dos regionais da CPT Amapá, Pará, Maranhão e Tocantins

Imagens: Ludimila Carvalho, Carlos Henrique Silva e Dimas Souza

 

Cerca de 40 jovens, chegando de comunidades camponesas, quilombolas e ribeirinhas dos estados do Amapá, Pará, Maranhão e Tocantins, estiveram presentes no 1º Encontro de Juventudes da Grande Região Norte, realizado entre os dias 17 e 19 de novembro na Casa Dona Olinda, em Araguaína/TO, com o tema “Em defesa do modo de vida dos territórios e das comunidades, povos tradicionais e camponeses da Pan-Amazônia.”

 

O encontro se soma ao realizado no final do mês de outubro, que reuniu mais de 60 jovens do Acre, sul do Amazonas e Bolívia, sendo parte das atividades da Articulação das CPTs da Amazônia.

Essa diversidade de juventudes levantou reflexões sobre os fatores que incentivam e os que dificultam a sua permanência no campo. Por um lado, o modo de vida diferente da cidade, a ligação com a natureza e os laços familiares; por outro, a realidade dos ataques do latifúndio, do agronegócio e da atuação violenta de agentes estatais, conflitos já vivenciada pelos pais e mães, que não desejam a continuidade desses danos, que abalam até a saúde mental, na vida do filho ou da filha; a ausência de políticas públicas e a perda das referências de ancestralidade e dos saberes tradicionais.

 

Ao mesmo tempo, essa juventude mostra sua potência, sendo provocada a ser instrumento de mudança em suas realidades, através de ações de autonomia e pertencimento, seja na cultura, no esporte e no fortalecimento da articulação com outras comunidades.

O momento também contou com uma oficina de Comunicação como estratégia de luta e resistência, estimulando os/as jovens a refletir sobre o tratamento dado pelas mídias às suas comunidades, e como os grupos podem se comunicar com o mundo com criatividade e utilizando linguagens do seu cotidiano, seja nas redes sociais, blogs ou até rádios de alto-falante. Os diálogos e trocas de experiências foram seguidos de um momento prático, em que os grupos apresentaram esquetes teatrais com as pautas vivenciadas nas comunidades.

 

“O encontro teve uma importância imensa, não só para os jovens de comunidades camponesas, mas também para os jovens agentes da CPT que se animam e se reinventam nesse trabalho tão bonito. São jovens ajudando jovens, seguindo o mesmo propósito de luta e vida coletiva. Esse encontro entra para a história da Grande Região Norte e das CPTs da Amazônia. Viva a juventude!”, avalia Felipe Oliveira, da coordenação da CPT Araguaia-Tocantins.

 

✊ 🔊 Fala, Jovem!

“Faço parte do Território Quilombola do Jambuaçu, e pra onde eu vou, onde eu estou, eu sou Jambuaçu. É lá onde estão minhas raízes, onde tem o olho d’água, o cemitério onde os nossos antepassados estão enterrados. Se o território for vendido ou destruído, é o meu corpo que está sendo vendido e destruído.” Tiago da Silva Conceição, estudante de Direito, comunidade São Sebastião, município de Moju (PA)

 

“O evento demonstrou para mim a pluralidade da juventude, e suas formulações para a construção de um mundo novo. Em nossos debates, foram presentes falas de vivências cotidianas de luta e resistência em nossos territórios. Experienciar o evento demonstrou fortemente o espaço em que a juventude ocupa hoje na luta agrária: lutar e ser jovem, o jovem que possui raizes e histórias que fervem em seus corações revolucionários. Saímos desse encontro almejando a formulação de uma nova História, contada por aqueles e aquelas que hoje são os protagonistas da luta contra o latifúndio.” Cecília Maíra, estudante de História e voluntária na CPT Amapá

 

“Na nossa comunidade, temos o Dia da Memória, pra não perder a troca de experiências entre as gerações. Acho que é uma das formas de animar a juventude a permanecer no campo, e esse movimento ajuda os/as jovens a se fortalecer e a caminhar.” Estênio Pereira, comunidade quilombola Santa Maria dos Moreiras, Codó (MA)

 

“O modo de vida no campo está muito ligado à defesa da terra e da cultura. Apenas viver na terra não basta: somos parte dos nossos territórios, somos filhos da terra, filhos da mãe natureza, e natureza é vida. Honramos as nossas ancestralidades para que sejamos dignos de habitar e viver entre os nossos. A essência da natureza não está em nós, mais sim nas lutas que traçamos em defesa da mesma. Somos apenas ocupantes dela, que logo mais seremos substituídos por outros, porém, jamais esquecidos, pelos nossos feitos e ações aqui deixados.” Genésio da Silva dos Santos, agente da CPT no município de Breves, região do Marajó (PA)

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