Por Assessoria de Comunicação Arquidiocese de Manaus e CNBB Norte1,
com edição de Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)
Foto: Arquidiocese de Manaus
Nestes dias 12 e 13 de setembro, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Amazonas promove um encontro de planejamento da campanha nacional “De olho aberto para não virar escravo”, no Centro de Formação da Arquidiocese de Manaus (CEFAM). A atividade conta com a participação de agentes pastorais locais e da Coordenadora Arquidiocesana, Irmã Maria Agostinha de Souza, e assessoria de Francisco Alan Santos, membro da Campanha Nacional e agente da CPT Pará.
Segundo Maria Agostinha, o momento contribui na formação da equipe de agentes, que estarão mais capacitados/as para atender a situação das denúncias de trabalho escravo. A coordenadora ressalta um caso que está sendo acompanhado no município de Presidente Figueiredo, onde há escravidão de trabalhadores por parte dos grileiros e no contexto do desmatamento. Esta realidade, mesmo muito presente na Amazônia, nem sempre é visibilizada e denunciada.
Francisco Alan destaca que o objetivo do encontro é elaborar estratégias nas comunidades onde a CPT local atua: “A campanha busca fazer um trabalho preventivo em comunidades vulneráveis junto a trabalhadores e trabalhadoras, mas também um processo de mobilização em toda a sociedade, indo nas periferias, nas comunidades rurais e ribeirinhas, levando essa informação às pessoas sobre o trabalho escravo, e quais os seus direitos caso tenha sua dignidade ferida”, afirma.
Se somando a uma luta para ajudar a superar aquilo que o Papa Francisco chama de “uma chaga social presente no mundo”, Francisco Alan reforça que o trabalho busca envolver outras pastorais, organismos da Igreja, e também entidades da sociedade civil nesse processo de mobilização e de enfrentamento. “É preciso denunciar; a denúncia é bastante importante porque isso vai propiciar uma mobilização e atuação dos órgãos de repressão no enfrentamento ao trabalho escravo”.
Outros organismos também enfrentam essa problemática do tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, como é o caso da Rede um Grito pela Vida, e assim podem amplificar esse grito profético em favor da dignidade do ser humano.
Campanha “De olho aberto para não virar escravo” – Desde 1995, foram libertadas no Brasil mais de 50 mil pessoas em situação de escravidão. A Campanha visa combater e prevenir a escravidão no país, articulando ações junto a sociedade civil e poderes públicos. Nos últimos 15 anos, as equipes da Campanha da CPT, atuantes em oito estados, acolheram mais de 1.250 denúncias e possibilitaram a libertação de mais de 8.300 pessoas.
Ao longo desta história, a região amazônica não apareceu nos dados das fiscalizações de trabalho escravo no Brasil por ser um assunto invisível, já que os grandes comerciantes abafam os casos da mídia, da política e da segurança, que deveria estar perto dos trabalhadores escravizados.
No encontro, será realizado um planejamento a partir da realidade local, buscando estratégias para desenvolver as ações da campanha e os instrumentos de monitoramento, para que a campanha seja consolidada na região.