Documento foi elaborado a partir do II Seminário Laudato Si’ e da 6ª Semana Social Brasileira
Fotografia: Derlane / Diocese de Roraima
Por Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional),
com informações de Libia Lopes (Ascom da Diocese de Roraima) e CPT Roraima
Com o tema “Mutirão pela Vida: Por Terra, Teto e Trabalho”, diversas organizações parceiras da Diocese de Roraima, incluindo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), elaboraram e assinaram uma Carta Compromisso, demonstrando seu apoio em traçar metas de defesa e promoção da Vida em todas as suas formas, abraçando causas cruciais junto aos povos do campo, das águas e da floresta, valorizando o protagonismo dos povos indígenas, camponeses, florestais e dos recursos hídricos. A rejeição ao agronegócio, ao desmatamento, mineração e hidrelétricas, com suas graves implicações ambientais, também figura como uma prioridade.
O documento está ligado ao II Seminário “Laudato Si’ Louvado Seja: Cuidando da Casa Comum”, promovido no mês de julho pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) na Universidade Federal de Roraima (UFRR), em consonância com a 6ª Semana Social Brasileira. Durante o seminário, três grupos de trabalho foram formados para se elaborarem propostas com base nos temas Terra, Teto e Águas e Florestas.
No âmbito da Terra, as propostas abrangem desde o resgate da autonomia indígena sobre os territórios até a construção de um estado livre de agrotóxicos, além da importância do plantio de árvores e a produção de alimentos saudáveis. No que diz respeito ao Teto, a busca é por políticas públicas habitacionais justas e sintonizadas com os demais direitos. Já nas discussões sobre Águas e Florestas, o desafio é trabalhar nas comunidades o olhar de defesa dos rios, fauna e flora, entendendo as comunidades como guardiãs desses tesouros naturais, preservando-os para as futuras gerações.
O documento aponta o estado de Roraima como inserido na realidade política e econômica do país, com diversas violações de direitos. Grandes projetos ligados ao agronegócio (como a expansão de plantação do dendê para produção de biodiesel), além da exploração ilegal de madeira e mineração, do narcotráfico e do crime organizado, ameaçam a vida dos defensores e das defensoras dos direitos humanos e da natureza na região, neste estado com uma realidade transfronteiriça.
Empreendimentos como a mineração e a construção da Usina Hidroelétrica do Bem Querer também foram apontados como bastante perigosos para a vida amazônica, e por isso a carta reivindica a imediata paralisação do licenciamento da usina, até que outras alternativas energéticas possam ser levantadas.
O documento instiga as comunidades das igrejas a enfrentarem os desafios socioambientais, reforçando a formação de base sob a perspectiva de fé e política, no engajamento cívico e na participação ativa nos conselhos de direitos, audiências públicas, reuniões das Câmaras Municipais e Assembleia Legislativa Estadual, bem como o envolvimento na política partidária. O protagonismo das juventudes nas lutas populares e na vida eclesial também foi destacado.
A Carta Compromisso também assume a importante tarefa de combater a violência contra grupos vulneráveis, como mulheres, jovens, crianças, pessoas idosas, indígenas, migrantes, ambientalistas, LGBTQIAPN+, comunidades periféricas, população em situação de rua e pessoas negras.
“Tenho a fé, esperança de que esse seminário fortaleceu, fortalece e fortalecerá a formação de base, a organização e a luta por vida aos povos, territórios sagrados banhados pelas águas sagradas do rio Branco, edificando e efetivando o compromisso da evangelização na dimensão orante, comunitária, participativa, samaritana, profética e sinodal, numa missão em rede por Vida e garantia de direitos em Roraima”, afirmou Dorismeire Almeida de Vasconcelos, animadora Laudato’Si e articuladora territorial da REPAM.