Com informações do Comitê Dom Tomás Balduíno e da CPT Nacional
Foto: Júlia Barbosa | CPT Nacional
Após reocupar a Fazenda São Lukas na manhã de hoje, 24/07, desapropriada pelo Governo Federal por estar ligada à exploração sexual de mulheres, as 600 famílias do MST começaram a ter seus direitos básicos à água e alimentação negados pelo Estado.
Segundo relatos das famílias, o fornecimento de água foi cortado pela Prefeitura de Hidrolândia e o governo de Goiás, por meio da Polícia Militar, estabeleceu um cerco para dificultar a entrega de alimentos na ocupação. A PM atua ainda dificultando o trabalho da imprensa, impedindo a entrada de repórteres na área. A Ouvidora Geral Externa da Defensoria Pública de Goiás, Angela Cristina Ferreira, está a caminho da Fazenda São Lukas para apurar essas denúncias de violações de direitos humanos.
É importante salientar que trata-se de uma área federal, portanto fora da esfera de atuação tanto da Prefeitura de Hidrolândia como do Governo de Goiás. O termo de transferência de domínio do imóvel rural foi feito pela União, representada pela Superintendência do Patrimônio da União em Goiás (SPU-GO) para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), representado pela Superintendência Regional do Incra em Goiás, e assinado no dia 23 de junho de 2023 pelos respectivos superintendentes Uzias Ferreira Adorno Júnior e Elias DÁngelo Borges. O processo de destinação está registrado sob o número 19739.115153/2023- 59.
A ocupação dessa propriedade é simbólica para o conjunto das mulheres sem terra, pois tratase de uma área em que dezenas de mulheres, entre elas muitas adolescentes, foram vítimas de violência, aprisionadas e posteriormente traficadas para a Suíça, onde eram submetidas à exploração sexual. O esquema foi mantido por três anos e as vítimas eram, principalmente, mulheres goianas de origem humilde das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade.
As negociações continuam para garantir que a área seja destinada para a reforma agrária. Após reunir-se com prefeito de Hidrolândia, José Délio, o superintendente do Incra, Elias D’Ángelo, participa de uma reunião com advogados do MST, Ouvidoria Agrária Nacional, Ouvidoria Geral Externa da Defensoria Pública de Goiás, CPT Goiás, MST e o deputado estadua Mauro Rubem.