De Olho Aberto para não Virar Escravo
Com o lema “De Olho Aberto para não virar Escravo!”, a Campanha Nacional de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi criada em 1997 e, desde então, atua para combater o trabalho escravo contemporâneo a partir da ação das equipes regionais da CPT, atualmente em diversos estados brasileiros.
Desde sua origem, em 1975, a CPT tem se dedicado ao combate ao trabalho escravo, atuando de forma articulada para denunciar ao Estado brasileiro e à sociedade a realidade da escravidão “moderna” no país.
Com o apoio da CPT, denúncias de trabalho escravo foram encaminhadas por setores da Igreja e do movimento sindical rural desde o início dos anos 1970, quando o então bispo Pedro Casaldáliga lançou sua famosa Carta Pastoral, na qual relatava a prática do trabalho escravo no interior do Mato Grosso. Vinte e cinco anos depois, em 1995, o governo federal reconheceu essa alarmante realidade e adotou ações efetivas de combate ao trabalho escravo, sendo a primeira delas a criação do Grupo Móvel de Fiscalização do Trabalho Escravo, o qual já resgatou desta condição mais de 63 mil pessoas em 30 anos.
Para reverter o negacionismo dominante com relação à existência da chaga da escravidão moderna, a CPT elaborou dossiês e realizou denúncias baseadas em ocorrências reais e dirigidas a órgãos internacionais tais como a Subcomissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Parlamento europeu e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Esse histórico de ações de incidência política a nível internacional resultou em avanços significativos para a visibilização do tema e para a construção de políticas públicas no Brasil, a exemplo do caso do trabalhador José Pereira, cujo Termo de Solução Amistosa serviu como esboço para a elaboração da Política Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo adotada e consolidada a partir de 2003 com a aprovação do I Plano Nacional de Erradicação ao Trabalho Escravo, a criação da Lista Suja e a formulação de uma definição moderna de trabalho escravo no artigo 149 do Código Penal.
A CPT tem consciência do seu papel e não pretende ocupar o lugar do Estado que possui o dever de investigar denúncias e diligenciar ações de inspeção para resgatar as pessoas encontradas em condição análoga à de escravo. A missão da Pastoral da Terra é a de abrir o olho da sociedade e amplificar a voz daqueles que foram silenciados e tiveram negados seus direitos à vida e a trabalho dignos, denunciando casos, cobrando ações do poder público e contribuindo para tornar os trabalhadores protagonistas de suas próprias lutas e vidas.
Mais de 40% dos 5 mil casos de trabalho escravo identificados no Brasil desde 1995 partiram de ações de trabalhadores acompanhados e orientados pela Comissão Pastoral da Terra, que já foi premiada nacional e internacionalmente em diversas oportunidades por seu engajamento no combate à escravidão moderna.
Objetivo geral
Elevar a capacidade de ação de trabalhadores/as, comunidades e territórios, e Sociedade em geral, para superar as causas estruturais do trabalho escravo.
Objetivos específicos:
- Fortalecer a Campanha De olho aberto para não virar escravo dentro e fora da CPT.
- Desnaturalizar a exploração do trabalho escravo entre trabalhadores, comunidades e sociedade, evidenciando suas raízes estruturais;
- Fortalecer a organização e a resistência de territórios camponeses e tradicionais e comunidades contra o trabalho escravo;
- Cobrar a efetivação de políticas públicas contra o trabalho escravo e suas causas, e sua ampliação, por meio de ações articuladas;
Nossas
ações
- Ações formativas e preventivas;
- Sistematização e visibilização de dados sobre ocorrências de trabalho escravo;
- Realização de denúncias, prestando serviços de orientação e de acompanhamento;
- Incidência política em espaços de participação social a nível nacional, como a Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), e a nível regional, como as Coetrae (Comissões Estaduais para Erradicação do Trabalho Escravo);
- Construção de alternativas para romper o ciclo da escravidão a partir da implementação de projetos que visem a melhoria das condições de vida dos trabalhadores acompanhados.
O que é Trabalho Escravo?
De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro e com a Instrução Normativa nº 139 do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), o trabalho escravo pode ser caracterizado pela presença de um ou outro dos seguintes quatro elementos:
- Trabalho forçado: trabalho exigido sob ameaça de punição, com uso de coação, ou com restrição da liberdade pessoal;
- Restrição da locomoção do trabalhador em razão de dívida contraída com empregador, do isolamento geográfico ou do cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador;
- Condições degradantes: todas as formas de desrespeito à dignidade humana pelo descumprimento aos direitos fundamentais da pessoa do trabalhador, especialmente em matéria de segurança e de saúde;
- Jornada exaustiva: aquela que por sua extensão ou intensidade cause esgotamento das capacidades da pessoa do trabalhador, ainda que transitoriamente, provocando riscos a sua segurança e/ou a sua saúde.
Denuncie
Faça contato com uma das equipes regionais da CPT ou procure um representante do Ministério Público do Trabalho (MPT) para mais informações. Você também pode denunciar diretamente, de forma segura e sigilosa, por meio do site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE): https://ipe.sit.trabalho.gov.br ou pelo Disque 100.
Doações
Você pode colaborar com a Campanha De Olho Aberto para não virar Escravo fazendo doações para a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Acesse o site www.chegadeescravidao.org.br e conheça nossa ação de sustentabilidade.
Voluntariado
Caso você tenha interesse em somar forças ao trabalho da CPT, entre em contato com a equipe regional mais próxima para saber mais sobre as ações de prevenção e combate ao trabalho escravo desenvolvidas em sua região.
Onde estamos
Biblioteca
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