NOTA DE REPÚDIO – MIQCB cobra Justiça por Quebradeiras de Coco assassinadas no Estado do Pará

Antônia e Marly eram quebradeiras de coco e moradoras antigas da comunidade bastante conhecidas na região. Foto: registro das redes sociais
Antônia e Marly eram quebradeiras de coco e moradoras antigas da comunidade bastante conhecidas na região. Foto: registro das redes sociais

O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) emitiu Nota de Repúdio diante da cruel violência sofrida por duas mulheres quebradeiras de coco no município de Novo Repartimento, sudeste do Pará.

Antônia Ferreira dos Santos, de 53 anos, e Marly Viana Barroso, 71, saíram de suas casas na manhã de segunda-feira (03), para recolher amêndoas de coco babaçu, em uma área de mata próxima ao município, como fazem tantas outras milhares de mulheres extrativistas na Amazônia e no Cerrado, garantindo o sustento de suas famílias. Como não retornaram no horário previsto, a família divulgou apelos nas redes sociais pedindo ajuda para localizá-las e iniciou as buscas.

Os corpos das duas foram encontrados à noite, com sinais de violência. Segundo informações do portal Correio de Carajás, as vítimas estavam ao lado de vários frutos de babaçu, e entre as pernas de uma delas havia um pedaço de madeira utilizado tradicionalmente para quebrar os cocos. Uma delas estava parcialmente despida, o que levanta a suspeita de que tenha sofrido violência sexual.

Até a manhã desta terça-feira (4), não havia confirmação de suspeitos. As mortes causaram grande comoção entre os moradores do município, já que as duas mulheres eram moradoras antigas da comunidade e bastante conhecidas na região.

Edição: Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)

Confira a Nota:

NOTA DE REPÚDIO – MIQCB cobra Justiça por Quebradeiras de Coco assassinadas no Estado do Pará

O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) manifesta profunda dor, revolta e indignação diante do brutal assassinato das companheiras Antônia Ferreira dos Santos e Marly Viana Barroso, no polo pesqueiro, no município de Novo Repartimento , sudeste do Pará.

As duas quebradeiras de coco saíram para trabalhar na manhã da segunda-feira, dia 03 de novembro, para coletar coco babaçu — como fazem milhares de mulheres extrativistas na Amazônia e no Cerrado, garantindo o sustento de suas famílias. Foram encontradas sem vida na noite do dia 03 , com sinais de violência brutal.

Trabalhavam honestamente e foram atacadas enquanto exerciam seu ofício tradicional. Foram violentadas, assassinadas e arrancadas de suas famílias, de sua comunidade e da floresta que defendiam. É uma violência cruel que atinge toda a nossa luta, nossa história e nossa dignidade.

Exigimos respostas imediatas – O MIQCB cobra do Governador Helder Barbalho e das Secretarias de Segurança Publica providencias imediatas para pericia e abertura de investigações para elucidação do crime, Secretaria de Estado da Mulher, Secretaria de Estado da Igualdade Racial e Diretora Humanos no apoio às famílias e proteção da comunidade, bem como acompanhamento do Ministério Publico, para a elucidação urgente do crime, com identificação e punição dos responsáveis. Não aceitaremos silêncio nem impunidade.

Esse crime reforça o contexto grave de violência enfrentado pelas quebradeiras de coco babaçu, que sofrem ameaças, expulsões, assédios, criminalização e ataques crescentes em seus territórios.

Nossa luta é pela vida, pelo território e pelo direito de trabalhar com segurança e respeito. Nenhuma mulher pode perder a vida pelo simples fato de buscar o sustento no babaçu.

Nos solidarizamos com as famílias de Antônia e Marly e com toda a comunidade local. Estamos juntas e permaneceremos vigilantes para que este crime não caia no esquecimento.

Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB

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