NOTA PÚBLICA – EM DEFESA DA VIDA E DO RESPEITO ÀS COMUNIDADES

“Do clamor da terra e do grito dos pobres nasce a esperança.”
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vem a público manifestar sua profunda indignação diante das mortes ocorridas nas favelas do Rio de Janeiro, em consequência de mais uma operação policial focada pela letalidade e marcada pela ausência de controle democrático das forças de segurança do Estado.
A CPT, fiel à sua missão de defender a vida, os direitos humanos e os territórios dos povos do campo, das águas e das florestas, não pode silenciar diante da continuidade de uma política que trata as comunidades pobres e periféricas como inimigas internas, transformando seus territórios em cenários de guerra e suas moradias e corpos em alvos.
Reafirmamos que nenhum objetivo institucional ou discurso de combate ao crime justifica a morte de pessoas, a violação de domicílios, o terror imposto a famílias inteiras e o desrespeito aos direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal e em tratados internacionais de direitos humanos.
A CPT se solidariza especialmente com as mulheres, mães e pais das favelas do Rio de Janeiro, que mais uma vez carregam o peso do luto e da violência do estado contra seus filhos e filhas. Reconhecemos nestas mães e pais a força e a resistência que sustentam a vida nas periferias, assim como as famílias camponesas sustentam a luta pela terra.
Denunciamos o racismo estrutural e o machismo institucional que naturalizam a morte da juventude negra e pobre, e afirmamos que não há paz possível enquanto for tratada como descartável a vida destes jovens, previamente confundidos com criminosos. Clamamos por justiça, reparação e políticas de cuidado, porque defender a vida é também defender o direito de ser jovem, negro e periférico.
Exigimos das autoridades estaduais e federais a imediata apuração independente e transparente dos fatos e das responsabilidades, a revisão urgente das políticas de segurança pública baseadas no confronto e na morte, o fortalecimento de políticas sociais e de proteção da juventude que enfrentem as causas estruturais da violência. Repudiamos o uso político-eleitoral das ações nas comunidades.
A CPT reafirma sua opção pela vida e pela justiça social. A vida que defendemos no campo — ameaçada pelo avanço do capital, pela grilagem e pela destruição ambiental — é a mesma que clamamos por proteger nas cidades, nas favelas, nos becos e vielas onde moram e resistem os pobres deste país, muitos deles de origem camponesa, expulsos do campo.
Conclamamos a sociedade brasileira, as igrejas, as organizações populares e os órgãos de Estado a romper com a lógica de extermínio e a construir caminhos de paz com justiça e dignidade.
Comissão Pastoral da Terra – CPT Nacional
Luziânia (GO), 31 de outubro de 2025.
13.07.2020 – NOTA DE REPÚDIO: CPT-RJ DENÚNCIA VIOLÊNCIA CONTRA TRABALHADORES RURAIS NO RIO DE JANEIRO
29.10.2025 – PRESIDÊNCIA DA CNBB SE MANIFESTA APÓS EPISÓDIOS DE VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO (CNBB)
31.10.2025 – ‘A lei do silêncio prevalece’: as marcas deixadas pela chacina no Complexo da Penha (Alma Preta Jornalismo)
Mais um massacre de jovens. Rio e Gaza choram frente a mais um episódio do genocídio do Povo de Deus. Precisa uma mudança profunda e estrutural para evitar mais um massacre. A Economia de Francisco e Clara é a alternativa ao capitalismo…
Parabéns pela nota objetiva.
Que Deus possa confortar os corações de todos os familiares que perderam seus filhos parentes e amigos 😭, que os governantes, combate os crimes, com a Educação políticas públicas, não com armas
Sou solidária as família que foram atingidas pela chacina do Estado do Rio de Janeiro. Minha indignação pelo triste fato de 120 mortes que poderiam ser poupadas se houvesse segurança pública e justiça social. Ainda os diversos governadores se uniram para mostrar a população o êxito da chacina. Lamentável! Confio no Presidente Lula e isso não poderá ficar impune.