Mulheres vão às ruas em Mossoró para denunciar a pobreza e anunciar a saída para os impactos do agronegócio e dos empreendimentos de energias renováveis

Setor de comunicação da CPT NE2

Imagens: Hilberlândia Andrade/CPT Equipe Mossoró – RN

Mais de mil mulheres camponesas, trabalhadoras, indígenas e quilombolas tomaram as ruas de Mossoró, no Rio Grande do Norte, no dia 17, em um grande ato político que marcou o Dia Internacional de Combate à Pobreza e o encerramento da 6ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).

As participantes caminharam pela Avenida Presidente Dutra, no bairro Alto de São Manoel, com faixas, punhos erguidos, cantos e palavras de ordem que denunciavam os males do atual modelo econômico que devasta o meio ambiente, destrói comunidades e território e concentra riqueza. Em contraposição a esse modelo, as mulheres defenderam uma nova forma de organização da sociedade e um modelo econômico, especialmente de produção de alimentos e de geração de energia, que coloque a vida das comunidades e das mulheres no centro, e não o lucro. A mobilização contou com a participação de mulheres agricultoras de comunidades camponesas apoiadas pela CPT na região, além de grupos feministas e diversas organizações parceiras.

Antes da marcha, durante a manhã, foi realizado um intercâmbio com cerca de 50 mulheres de comunidades impactadas por grandes empreendimentos da fruticultura irrigada e de geração de energia renovável no Oeste do Rio Grande do Norte. Entre as participantes, estavam agricultoras do Grupo Sementes da Terra, do Assentamento Professor Maurício de Oliveira; do Grupo Mulheres Unidas pra Vencer, da comunidade Arthur Sabino, situados no município, do Grupo Guerreiras da Terra, do Acampamento Irmã Lindalva, todos situados no município de Assu, além de mulheres da comunidade Lagoa de Salsa, em Tibau. A atividade aconteceu no auditório central da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).

Na ocasião, as mulheres compartilharam suas experiências a partir das seguintes perguntas: “Como era a vida no território antes da chegada das empresas transnacionais? Como está agora? Como se deu o processo de organização das mulheres?”. As respostas revelaram histórias de danos, impactos e violências causados por empreendimentos da fruticultura irrigada e de geração de energia renovável que vêm ameaçando o modo de vida no campo, gerando conflitos e ampliando a devastação ambiental. Mas não apenas isso. Elas também falaram de muita luta, resistência e esperança. Compartilharam suas rotinas de produção agroecológica, de cuidado com a Casa Comum, de organização coletiva e de busca por autonomia, mostrando que outro modelo de produção é possível e já está em andamento nas comunidades.

Para Hilberlândia Andrade, agente pastoral da CPT, o intercâmbio foi um momento muito importante de partilha e troca de conhecimentos. “Foi uma atividade muito participativa. As mulheres gostaram de apresentar suas experiências, refletir sobre os desafios e reafirmar a importância dos grupos de mulheres”, destacou. São as mulheres no campo e na cidade, ocupando as ruas e assumindo o papel de protagonistas na defesa da terra, da vida e da agroecologia!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *