COP das Juventudes de Fronteiras mobiliza jovens do Brasil e Bolívia

Edição: Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional),
com informações da organização do evento

Foto: Nowi Xijein

Mais de 100 jovens do Brasil e da Bolívia são esperados para um momento de formação muito especial sobre o cuidado com a Casa Comum, no posicionamento diante das emergências climáticas e da Conferência das Nações Unidas, a ser realizada em novembro (COP 30). É a COP das Juventudes de Fronteiras, que acontece entre os dias 3 a 5 de Outubro, no Centro de Formação São José, em Guajará-Mirim (RO).

A expectativa é reunir jovens de toda a diversidade étnico-cultural desta região de fronteira amazônica: indígenas, extrativistas, pescadores, ribeirinhos, campesinos e urbanos, para refletir e tomar atitudes de mudança, sem fronteiras e sem barreiras, diante das emergências climáticas. O momento é de formação em preparação à participação das juventudes na Cúpula dos Povos e COP 30, em novembro de 2025, com incidências em defesa dos direitos coletivos e da Casa Comum.

A programação conta com momentos de encontro, intercâmbio, vivências, desafios e boas práticas diante das mudanças climáticas que estão acontecendo, como elas afetam os modos de vida das comunidades e o que, enquanto jovens, esperam para o futuro. Na resistência por uma Amazônia livre, a partir dos seus corpos-territórios, os gritos das juventudes são de que a hora de mudar é agora, antes que seja tarde demais, pois não temos plano nem planeta B.

Foto: Nowi Xijein

“Vou participar da COP da Juventude de Fronteiras, por querer um futuro mais promissor, por querer um mundo sem intolerância religiosa, por querer uma preservação da ancestralidade e espiritualidade”, afirma Alexsander Ávila, de Porto Velho, representando os povos de terreiro junto do coletivo da Jornada de Educomunicação.

O evento é realizado pelo Comitê de Defesa da Vida Amazônica na Bacia do Rio Madeira (COMVIDA) e Instituto Madeira Vivo, com o apoio do Fundo Casa Socioambiental e a participação de diversas organizações e coletivos, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Rondônia.

Juventude dos povos e comunidades tradicionais já está bem animada desde encontro realizado em setembro

Foto: Nowi Xijein

Entre os dias 19 e 21 de setembro de 2025, na sede campestre do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado de Rondônia (SINTTEL), em Porto Velho (RO), o Coletivo de Juventude dos Povos, em conjunto com a Rede de Povos e Comunidades Tradicionais de Rondônia, realizou um processo de animação e fortalecimento das juventudes, preparando os próximos passos de resistência na agenda pré-COP.

Erica Canoé – jovem indígena do Povo Oro Wari de Guajará Mirim (RO) –, que também esteve presente no encontro do último mês, antecipa que a COP das Juventudes “é uma oportunidade para as novas gerações se encontrarem, expressarem o que pensam e sentem em relação às mudanças climáticas e problemas que enfrentam nas próprias comunidades e territórios”.

Foto: Nowi Xijein

Com a assessoria de Deivisson Souza (Cáritas), e de Edilaine Guarini (Cáritas – articulação Noroeste), o encontro desenvolveu o tema: “Juventudes da Amazônia em Rede: Caminhos de ação e proteção na Amazônia”, abordando os desafios vividos pelas juventudes, a situação climática e a importância da união como caminho de resistência e proteção.

A programação contou ainda com o lançamento do Memorial de Vida, uma cartilha produzida durante a Jornada Regional de Educomunicação: Somos as vozes da terra, águas e florestas, na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Ao som de tambores, maracas e carimbó, a juventude celebrou suas retomadas e reafirmou sua força coletiva.

Na ocasião, também houve o fortalecimento da articulação do Coletivo Rio Ouro Preto Sustentável (CROPS) e da Associação Centro Social Assistencial e Cultural Afro Brasileiro (ACESACAB), do Centro Umbandista Raimundo Légua, localizado em Porto Velho (RO). O encontro reuniu cerca de 40 participantes, reafirmando a articulação em rede na defesa dos territórios e das juventudes.

“Estou muito grata por ter conseguido participar, espero que essa juventude não desanime, continue na luta, porque é uma juventude que tem garra, perseverança e, principalmente, são jovens que não abaixam a cabeça pra nada!”, afirmou Maria Luiza, liderança jovem da comunidade remanescente quilombola Forte Príncipe da Beira – no município de Costa Marques (RO) –, sobre o encontro de setembro.

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