CPT Nordeste participa da Cúpula dos Povos Nordeste na COP 30 em Fortaleza
Por Lara Tapety | CPT NE2
Imagens: Francisco Silva “Chiquinho” | CPT CE

De 21 a 23 de agosto, Fortaleza (CE) sediou a Cúpula dos Povos Nordeste na COP 30, encontro que reuniu movimentos sociais, organizações populares e entidades de pesquisa para debater os desafios da crise climática, os impactos do modelo econômico vigente e as alternativas construídas pelos povos e comunidades tradicionais.
A Comissão Pastoral da Terra regional Nordeste 2 (CPT-NE2) e regional Ceará marcaram presença no evento, representadas pela agente pastoral Vanúbia Martins (CPT NE2) e pelo coordenador regional Francisco Silva “Chiquinho” (CPT CE). Vanúbia participou como expositora no Painel 4: “Ecologia política, interseccionalidade e confluências nas lutas territoriais pelo bem viver”.
O painel também contou com a participação de Roma Holanda, da Rede LGBTQIAPN+ da Zona Costeira e do Instituto Terramar (CE) e Carla Nayra, da Rede Reaver (CE). A mediação ficou com Nairóbi Souza, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Maria Glória Carvalho, da Cáritas NE 1.
Denúncia das zonas de sacrifício e do racismo ambiental
Na apresentação sobre “Ecologia política e intersecionalidade das lutas”, Vanúbia Martins destacou que o Nordeste tem sido tratado como uma “zona de sacrifício”, onde o avanço de megaprojetos – condomínios, resorts e empreendimentos de energia – tem intensificado conflitos territoriais. Somente na Paraíba, os conflitos aumentaram 89% em dois anos, consequência da ocupação predatória promovida pelo capital.
A agente pastoral ressaltou ainda a necessidade de combater o racismo ambiental, trazendo para a visibilidade os impactos desproporcionais sofridos por comunidades vulnerabilizadas – entre elas pescadores, quilombolas, indígenas, camponeses e populações periféricas.
Interseccionalidade e solidariedade entre lutas
A mesa também abordou o conceito de ecologia política interseccional, que busca compreender como diferentes formas de opressão – de classe, gênero, raça e sexualidade – se manifestam de maneira interligada dentro dos territórios. Ao conectar sujeitos sociais distintos, essa perspectiva favorece o reconhecimento mútuo e a construção de ações coletivas contra as opressões impostas pelo neoliberalismo.
“A luta dos povos é contra o capital neoliberal, que sempre retorna aos territórios em crise, agora sob a máscara do chamado ‘capitalismo verde’”, afirmou Vanúbia Martins durante sua exposição.

Alternativas e horizontes comuns
Entre as propostas destacadas, estiveram o combate à desertificação, a reforma agrária popular, a demarcação de territórios indígenas, a titulação de terras quilombolas, a proteção das sementes crioulas e a luta contra a mineração predatória. Também foram mencionadas práticas de ecofeminismo, ecosocialismo e defesa dos maretorios, reforçando que as alternativas passam pelo fortalecimento da solidariedade e pela confluência das lutas em defesa do bem viver.
Carta Política
A Cúpula dos Povos Nordeste encerrou-se com a leitura da Carta Política, síntese das discussões e propostas que serão levadas para a Cúpula dos Povos na COP 30, em Belém (PA).