Começa nesta quarta-feira (20), o 16º Encontrão da Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão

A arte do 16º Encontrão da Teia dos Povos tem autoria da jornalista e ilustradora maranhense Andressa Algave. Crédito: Divulgação
A arte do 16º Encontrão da Teia dos Povos tem autoria da jornalista e ilustradora maranhense Andressa Algave. Crédito: Divulgação

Entre os dias 20 a 25 de agosto, o chão sagrado do Território Indígena Taquaritiua, do povo Akroá Gamella, em Viana (MA), recebe o 16o Encontrão da Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, tendo como tema central “Retomar Territórios para Tecer o Bem Conviver”.

A expectativa é grande, desde o final do encontrão anterior, realizado na Comunidade Camponesa Alegria, no município de Timbiras, quando foi conhecido o território que iria acolher o evento.

A organização do Encontrão, formada por representantes dos próprios povos e comunidades, chama a atenção para o atual momento de genocídio das comunidades tradicionais e dos diversos povos, de forma continuada: “não nos sejam indiferentes a dor das crianças palestinas atravessadas pelas balas dos senhores da guerra e da morte; o sangue dos quilombolas, dos indígenas e dos camponeses derramado nas periferias, nas florestas e nos campos; o grito de mulheres espancadas e mortas nos lugares que deveriam ser os mais seguros; a ausência dolorosas daqueles que são vítimas do tráfico e do trabalho escravo; o grito da Terra – nossa Casa Comum – violentada pelas máquinas do capital.”

A Teia de Povos

O tecimento da Teia foi fortalecido a partir de 2011, durante a ocupação do Incra pelo Movimento Quilombola do Maranhão (MOQUIBOM), tendo a participação das comunidades camponesas e povos indígenas, numa articulação em busca do Bem Viver e do enfrentamento às violências que os povos e comunidades tradicionais maranhenses enfrentam em comum. Até 2018, os encontros eram realizados duas vezes ao ano, e a partir de 2019, é realizado um encontro ao ano. Os encontros são alternados entre os territórios, unindo povos indígenas, quebradeiras de coco babaçu, comunidades quilombolas e camponesas, numa união que dá força às lutas.

A arte que ilustra o Encontro deste ano carrega representações dos povos e comunidades tradicionais do Maranhão, os quais, juntos, tecem alianças de lutas e de resistência na busca pelo bem viver em seus territórios, seja nas águas, na terra ou nas florestas. A arte tem autoria da jornalista e ilustradora Andressa Algave, mulher negra nordestina, pesquisadora das relações raciais na América Latina, e do papel revolucionário da imprensa negra e alternativa, e movimentos sociais.

No chão ancestral do Território Indígena Taquaritiua, o Encontro será marcado pela partilha das lutas pela permanência, as resistências e as insurreições dos Povos. Também pelo compartilhamento das águas e da comida de verdade, das memórias da caminhada e dos sonhos de outros mundos possíveis. Mesmo com uma programação que provoca os povos em suas resistências, a espontaneidade da espiritualidade e a ancestralidade é quem guia o povo participante, como o vento do Espírito que sopra onde quer.

“Vamos juntas e juntos, como diz o nosso tema, trazendo a rebeldia da juventude e a serenidade dos avôs e das avós”, afirma Rosa Tremembé, liderança da Terra Indígena Kaúra, de Raposa (MA), que faz parte da coordenação da Teia.

Ativista pelos direitos humanos de mulheres indígenas e homossexuais na Bolívia, a psicóloga Julieta Paredes, indígena do povo Aymara, também estará presente no Encontrão da Teia: “Irmãs, somos nós, as trabalhadoras e trabalhadores dos territórios, que estamos amando este mundo, este planeta, amando a felicidade, amando o Bem Viver, que queremos construir outro mundo. É esta gente que vamos encontrar, neste espaço criado por gente que sonha e esperança o planeta, o mundo e este país,” afirma Julieta, que também é porta-voz da organização do Movimento Internacional de Feminismo Comunitário de Abya Ayala.

Fran Gonçalves, da Comunidade Tutaim – Reserva Extrativista (Resex) Tauá-Mirim, em São Luís, destaca o Encontrão da Teia como espaço de muita confraternização: “É um momento único, lindo, de muita luta, muita vivência, muito aprendizado, troca de experiências, e momento de reforçar nossa luta, de dizer o que queremos, que é o Bem Viver.” 

Edição: Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional),
com informações da @teiamaranhao

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