Indígenas do povo Parakanã denunciam novo ataque de pistoleiros na TI Apyterewa (PA)

Ataque é o 6º registrado na região nos últimos seis meses; indígenas Parakanã apontam impunidade como um dos fatores para a escalada da violência. Foto: Acervo Censipam
Ataque é o 6º registrado na região nos últimos seis meses; indígenas Parakanã apontam impunidade como um dos fatores para a escalada da violência. Foto: Acervo Censipam

Indígenas do povo Parakanã relataram um novo ataque de pistoleiros fortemente armados na Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu (PA), no último sábado (24/5). Segundo as vítimas, os agressores dispararam contra moradores, mas ninguém ficou ferido. Este já é o sexto ataque registrado no território em menos de seis meses, evidenciando a escalada de violência na região.

Lideranças indígenas denunciaram ataques em fevereiro

Em 20 de fevereiro, os indígenas já haviam denunciado que pistoleiros chegaram às duas horas da manhã, atirando a esmo, levando desespero principalmente entre as mulheres, crianças e pessoas idosas. A comunidade apontou fazendeiros locais como possíveis mandantes dos ataques. Porém, segundo declaram, nenhuma prisão foi realizada. A falta de prisões e a recorrência dos ataques aumentam a tensão no território, pressionando o governo a agir com maior rigor.

“Foi muito tiro. Graças a Deus ninguém se feriu. Identificamos pistola, 12, carabina, rifle 44, todo tipo de arma. Aqui não tá fácil. Os pistoleiros atacaram de novo. Segundo tiroteio. Mandante, pistoleiro. Todos moram na Taboca. Tem que botar Polícia Federal para investigar. Depois do primeiro ataque, não teve resultado”, afirmou na época o cacique Mama Parakanã.

Vídeos gravados pelos indígenas mostram a presença da Força Nacional e da FUNAI no local após o ataque. De acordo com os relatos, os atiradores estavam equipados com metralhadoras e armas de grande calibre, possivelmente contratados por invasores que tentam ocupar a área. Apesar da mobilização das autoridades, nenhum suspeito foi capturado durante as buscas realizadas nas aldeias Caré e Tekatawa.

“O governo (federal) fala que estamos em segurança, mas estamos em insegurança. A Força Nacional fica lá na base. Quando a Força Nacional chega, o tiroteio já acabou e os pistoleiros sumiram. É um pedido de socorro. Novos ataques vão acontecer. Recebemos ameaças e avisos de quem estava aqui e saiu na desintrusão. Se nada for feito, algo ruim vai acontecer”, reforça o cacique.

As violências permanecem após mais de um ano da desintrusão concluída pelo governo federal.

O Ministério da Justiça detalhou que a Força Nacional deslocou equipes até a região das aldeias Caré (também chamada Cacaueira) e Tekatawa, na TI Apyterewa, para apurar a denúncia de ataque armado, mas não encontrou os invasores no local. Em nota, o órgão destacou que as operações de segurança na área têm sido intensificadas, com maior presença de agentes e patrulhamento contínuo, visando garantir a proteção dos indígenas e a manutenção da ordem pública.

No entanto, os indígenas Parakanã seguem pressionando por medidas mais efetivas das autoridades, argumentando que os esforços atuais não têm sido suficientes para coibir ataque, invasões e violências repetidas contra o território Apyterewa.

Veja também:

18.12.2023ATENTADO CONTRA SERVIDOR DA FUNAI EXPÕE CONFLITO NA TERRA INDÍGENA APYTEREWA (PA)

Com informações do Clima Info e Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

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