Em seu Ano Jubilar, CPT abre as portas para seu V Congresso Nacional, que será realizado em julho, no Maranhão

Esta quinta edição traz como tema “CPT 50 anos – Presença, Resistência e Profecia” e o lema “Romper Cercas e Tecer Teias: A Terra a Deus Pertence! (cf. Lv 25)”

Arte do V Congresso Nacional da CPT/ Ilustração: Vanessa Diniz

Por Júlia Barbosa (Comunicação CPT Nacional)

“Jubileu da terra é repartir o pão, 

é pôr os pés na terra, é pôr as mãos no chão. 

É resgatar a terra que é de cada irmão, 

porque a terra é do Senhor!” 

(Roberto Malvezzi)

Em 2025, quando completa 50 anos, a CPT está vivendo seu Ano Jubilar. Para as igrejas, o Jubileu simboliza um tempo de perdão, de reconciliação e renovação da fé, um tempo de libertação e graça. Para CPT, também é momento de memória e celebração da caminhada de cinco décadas ao lado dos povos da terra, das águas e das florestas, e de reafirmação de sua missão enquanto presença solidária e profética, que presta um serviço educativo e transformador na vida dos pobres da terra. Mais que isso, é momento de voltar as escutas para as vozes dos povos, entoadas pelas realidades vividas em seus territórios de vida e luta. Assim, revigorar a força político-pastoral para continuar o enfrentamento ao modelo de sociedade imposto pelo Estado e pelo capital.

Com as reflexões que instiga e convoca o Ano Jubilar, a CPT já identifica seus muitos motivos para se reunir em Congresso, que em sua quinta edição, será guiado pelo tema “CPT 50 anos – Presença, Resistência e Profecia” e o lema Romper Cercas e Tecer Teias: A Terra a Deus Pertence! (cf. Lv 25)”. Para esta grande celebração, a cidade de São Luís, capital do Maranhão, acolherá cerca de 1.000 participantes, entre camponeses e camponesas, povos tradicionais e originários, agentes pastorais e parceiros de luta, entre os dias 21 e 25 de julho de 2025

O Congresso será o momento em que a CPT abrirá suas portas, em sintonia com o Jubileu, que simboliza a abertura dos céus. “Essa é uma das motivações que faz com que a gente, nos 50 anos, se volte para esses momentos coletivos de grandes escutas. Esse é o momento de ouvir quais são os gritos, os clamores, as angústias e aflições que vivem os povos e comunidades hoje. O Congresso é esse espaço em que a CPT se abre e abre todas as portas”, reflete Cecília Gomes, coordenadora nacional da CPT. Ela ainda expressa que a Pastoral, convocada pela memória subversiva do evangelho, tem seu serviço motivado pela fé, mas uma fé que se torna vida quando se trabalha na perspectiva da transformação das realidades.

Essa transformação é resultado de longos e violentos processos, e a coordenadora destaca que a luta não finda com a conquista, mas que os desafios continuam para a permanência na terra, e por isso a presença da CPT junto aos povos se reafirma em seus processos de luta. “Nós somos uma pastoral da fronteira. A gente vai onde ninguém consegue chegar. As comunidades afirmam isso. A CPT é essa presença nos momentos mais difíceis, mas também nos de vitória, lutando junto aos povos”, conclui. 

“A CPT é sol em dias turbulentos. Como o sol que brilha todas as manhãs, presente, assim é a CPT na vida de nossas comunidades” – mensagem da Comunidade Quilombola Alto Alegre, em Morrinhos/CE.

Um olhar para o futuro inspirado pelas origens

Com os desafios, conquistas e aprendizagens ao longo dessas cinco décadas de vida e luta, a CPT irá olhar para o futuro, com novos e velhos enfrentamentos que se colocam no caminho à frente, mas compreendendo a conjuntura presente e se renovando nas águas da fonte. “Nós estamos celebrando 50 anos e me parece que, na luta pela terra, no avanço, na reforma agrária, pouco tem sido feito. A gente volta para o espírito originário da CPT, que é o da luta pela terra, da resistência camponesa. Celebramos 50 anos em meio a esse caos também, da retirada, inclusive, do direito e da posse dessas famílias. Então, a CPT é convidada, mais uma vez, a continuar sendo essa presença”, destaca Cecília. 

“A CPT é uma luz de esperança que ilumina os caminhos da justiça social e da defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais” – Antônio Jardiel, jovem da Comunidade Tradicional Zundão dos Binhas, em União/PI.

Com as reflexões propostas a partir do tema e lema do V Congresso, a CPT irá trabalhar sobre a presença da Pastoral ao lado dos povos e comunidades tradicionais do país, colaborando com instrumentos para o fortalecimento do seu protagonismo. Ainda, a resistência insurgente dos povos diante das violências empreendidas pelos capitalistas do campo, levantando um grito de profecia, com a denúncia das injustiças e o anúncio do bem viver nas comunidades. A Pastoral propõe, também, refletir sobre as cercas, velhas e novas, a serem rompidas, e sobre as teias de resistências e possibilidades a serem tecidas coletivamente, rumo à Terra Sem Males.

Acesse a edição completa do Jornal Pastoral da Terra neste link.

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