CPT Regional Araguaia Tocantins: Com dois assassinatos e 15 vítimas de violência contra a pessoa, Tocantins registra mais de quarenta conflitos por terra em 2024 

Lançamento regional da publicação Conflitos no Campo Brasil 2024, da Comissão Pastoral da Terra, ocorreu quarta-feira, 23, em Araguaína (TO)

Por CPT Araguaia-Tocantins

Na tarde de quarta-feira (23), a Comissão Pastoral da Terra – Regional Araguaia Tocantins (CPT.AT) realizou em Araguaína o lançamento regional da 39ª edição da publicação Conflitos no Campo Brasil, com dados referentes às violências e ações de resistência no campo com enfoque nos dados do Tocantins no ano de 2024. 

Com o objetivo de dar visibilidade aos números de violações no campo tocantinense, sensibilizar a opinião pública e convocar as instituições à responsabilidade diante da crescente violência agrária, a apresentação dos dados aconteceu no evento “Café com a Imprensa” e através da veiculação dessas informações em outdoors digitais na região.

Na presença de jornalistas, comunicadores e emissoras de televisão, o evento contou com apresentação e análise dos dados, e com as potentes falas de articuladores da Articulação Camponesa e lideranças comunitárias que vivem cotidianamente as ameaças e a insegurança nos territórios. 

Destaque para a denúncia do assassinato de Cícero Rodrigues de Lima, liderança camponesa do P.A. Remansão, morto em junho de 2024 em meio a conflitos fundiários. E o ambientalista Sidiney de Oliveira Silva, também assassinado no mesmo ano. Os dois nomes agora se somam à triste estatística de trabalhadores executados no campo, sem que, até o momento, haja justiça.

No Tocantins, em 2024, foram registrados 48 conflitos por terra e 2 casos de trabalho escravo em todo o estado, com mais de 3.400 famílias envolvidas. Embora o número de casos seja menor que em 2023, a intensidade da violência aumentou. As comunidades continuam sendo alvo de ameaças de morte, destruição de roçados, contaminação por agrotóxicos, criminalização e despejos ilegais.

O estado também apresenta o dado alarmante de 32 incidentes de violência contra a pessoa e um total de 15 vítimas em 2024. Essa diferença entre o número de ocorrências e de vítimas demonstra que houveram pessoas que sofreram mais de um tipo de atentado à integridade física no último ano. As violências registradas são diversas, podendo ser agressões, ameaças de morte, torturas, intimidações, criminalizações e até mesmo assassinatos. 

O café com a imprensa se encerrou com um convite à sociedade tocantinense para se somar às lutas dos povos do campo, das águas e das florestas, reconhecendo que a defesa da terra e da vida é responsabilidade de todos. Neste sentido, pontuou um articulador “Seguiremos denunciando, resistindo, construindo redes de proteção e promovendo a organização popular. Este relatório é um instrumento de luta. É memória, é verdade e é também um chamado à sociedade, à imprensa, às instituições públicas e àqueles que ainda acreditam na justiça social.”

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