12 a 17 de julho de 2015
Porto Velho, Rondônia
IV Congresso
Nacional da CPT
O IV Congresso Nacional da CPT foi realizado em plena Amazônia, em Porto Velho, Rondônia, de 12 a 17 de julho de 2015. O tema/lema que conduziu o evento foi “Faz escuro, mas eu canto – Memória, rebeldia e esperança dos pobres do campo”.
Foram os conflitos na Amazônia, que se avolumavam a cada dia, que levaram a Igreja a constituir uma comissão – a CPT – para interligar, assessorar e dinamizar os trabalhos que diversas dioceses faziam para apoiar os trabalhadores e trabalhadoras do campo que sofriam violências e tinham seus direitos desrespeitados. Rondônia, fruto da colonização promovida pela ditadura militar e pela política neoliberal de mercado, está situada numa das vias de penetração e encruzilhada da Amazônia. O contexto em que se deu o IV Congresso foi de reinvenção de estratégias de luta e de enfrentamento aos projetos neoliberais no campo e na cidade, com a vida nos territórios. A CPT completava 40 anos e o número de participantes foi em torno de 820 pessoas.
No IV Congresso, o destaque foi a partilha de experiências e reflexões que construíram a Memória das lutas e trajetórias dos povos do campo e da própria CPT; a Rebeldia, expressa pela indignação diante das injustiças e da violência; e a Esperança, que aponta para caminhos que levem a uma realidade mais justa. A partir de intensos debates, os participantes puderam refletir sobre os principais desafios enfrentados pelas populações do campo na atual conjuntura e partilharam diversas experiências de memória, rebeldia e esperança postas em prática pelas comunidades. Para a CPT, o momento foi de escuta.
A CPT não é a caneca, nem a água: é a vontade de beber
Termina o IV Congresso e eu volto pra casa repetindo o que ouvi: “Ah, se não fosse a CPT!”. O povo diz assim como quem fala de uma caneca velha, boa de beber água… Uma caneca muito usada, marcada pelo tempo. […] A CPT é do exercício e da mística de permanecer: mas nem é ela mesma a rebeldia, nem a esperança. Não é semente, nem terra, mas é terra debaixo da unha. A CPT não é a caneca, nem a água. É só a sede, a vontade de beber. Mas a caneca de muitos usos e a fonte que mata a sede é o povo quem traz!
– Trecho do texto ‘A CPT não é a caneca, nem a água: é a vontade de beber’, de Nancy Cardoso, agente da CPT Bahia e da comissão de formação da CPT.