39 anos da CPT – Defensora incondicional da Vida e dos Camponeses e Camponesas

Em 22 de junho de 1975, num encontro de Bispos e prelados da Amazônia, decidiu-se criar uma comissão para interligar, assessorar e dinamizar os tra­balhos das prelazias e dioceses junto aos trabalhadores e trabalhadoras do campo. Estava criada a Comissão Pastoral da Terra – CPT.

 

A CPT surgiu fru­to da indignação, diante da violação dos direitos de povos indígenas e de comunidades de possei­ros e da exploração do trabalho de milhares de trabalhadores submeti­dos a condições seme­lhantes à de escravos.

 

  

 

  

 

“Nasceu você um pouco maldita,

quase clandestinamente,

filha da paixão pelos pobres da Terra.

filha do Reino dos Céus que é Reino da Terra também.

Mal vista em casa, odiada fora.

Pastoral da água de Batismo

ou do azeite da Crisma

ou do Trigo e do Vinho da Ceia,

a Igreja as vive tradicionalmente.

Mas Pastoral da Terra?

Como se a água e o azeite e o trigo e o vinho não fossem leite e sangue e ternura e pranto da Terra Mãe…

Você é a Pastoral matriz

do pão nosso de cada dia,

da economia histórica da salvação,

depois que o Verbo se faz carne

na terra do ventre de Maria.

Fora, odiada:

pelo latifúndio e suas udrs,

pela ditadura militar e seus carrascos,

por todas as arcaicas oligarquias e coronelatos prepotentes e pelo novíssimo devastador neoliberalismo – latifúndio do mercado, ditadura econômica, oligarquia de exclusão.

Pastoral fecunda, você já semeou muita semente agitadora nas mitras sonolentas de alguns bispos.

E já fez nascer ou renascer

muitos sindicatos de trabalhadores rurais.

E propiciou utopia e surco

para muita juventude.

E suscitou no país e na Pátria Grande toda e além mar muita consciência e muita solidariedade.

Irmã gêmea do Cimi,

irmã mais velha e mais curtida

de muitas outras pastorais específicas.

Mãe, filha, companheira

de muitos e muitos agentes de pastoral.

Ecumênica nem sempre compreendida.

Macroecumênica como a terra e a chuva e o sol do Deus da Vida.

Ara de tantos mártires – eles e elas,

que em você passaram pela grande tribulação e em você lavaram seus corpos e seus sonhos com o sangue do cordeiro, bendita CPT, pastoral de fronteira, evangelho de risco, profecia pé no chão e enxada na mão e cantiga na boca dos Novos Céus e da Nova Terra!”.

 

Pedro Casaldáliga – agosto de 1995

 

  

 

  

 

“Ontem, 22 de junho fez 39 anos que nasceu oficialmente a CPT – Comissão Pastoral da Terra. Oficialmente, porque já havia brotado nos corações de muitos e muitas que sonhavam em ter uma comunidade ativa, comprometida com a causa nobre dos homens e mulheres do campo. Não bem vista em casa pela maioria dos seus responsáveis institucionalmente, e odiada fora, pelos latifúndios é claro, como bem diz Dom Pedro Casaldáliga, um dos seus fundadores. Certamente podemos afirmar: quantos feitos pela vida! Tendo como prioridade o camponês, a camponesa e seu habitat, seus biomas, sua cultura, seus territórios encantados.

Celebrar 39 anos da CPT é fazer memória de centenas de camponeses e camponesas, que na esperança de conquistar e defender seu pedacinho de chão, foram tombados cruelmente pela ganância dos malfeitores que habitam na terra.

Celebrar 39 anos é agradecer pela vida de tantas lideranças consagradas e abençoadas por Deus, os que já partiram e os que permanecem como: Pedro, Tomás, Vital, Josimo, João, Margarida, Justino, Conceição, José Gomes, Adelaide, Mauro, Moreira, Luiz, Enemésio, e quantos e quantas dessa fileira quase que sem fim.

Celebrar 39 anos é rogar ao Deus da Vida que continue animado aos agentes de pastoral que acreditam na importância da CPT e vivencia sua missão nos tempos difíceis de hoje.

Parabéns nossa CPT pela defesa incondicional da Terra livre e das vidas que nela habitam!”. 

Juvenal Rocha – Agente da CPT Paraná.

 

  

 

“Companheirada,

Paz e bem!

Há 39 anos nascia a CPT – Comissão Pastoral da Terra. Neste dia 22 de junho  nascia uma pastoral sem fronteiras, preocupada com o posseiro, aquele não tinha voz e nem vez. Aqueles e aquelas por quem ninguém olhava.

É momento rico da CPT celebrar, agradecer pela vida de tantas lideranças consagradas e abençoadas por Deus, os que já partiram e os que permanecem. Roguemos ao Deus da Vida que nos anime na batalha cotidiana da defesa da Vida hoje e sempre. Que o Espírito Santo nos dê coragem para continuar a peleja iniciada há 39 anos, que possamos ser firmes na fé, denunciando as injustiças e anunciando a Boa Nova de Jesus, para que todos tenham a Vida com fartura na mesa e alegria no coração.

Viva a CPT e todos aqueles e aquelas que abraçam essa causa na defesa da Vida, assumindo seu batismo.

Parabéns a CPT, parabéns aqueles e aquelas que junto com camponeses(as), trabalhadores e Trabalhadoras Rurais lutam por melhorias

dignas no campo”. 

Reinaldo Barberine – CPT Minas Gerais

 

  

 

“Pax et Bonum!

Na celebração de ontem, 22/6, na nossa comunidade são Francisco de Assis (PA), lembrei e rezei pela CPT e por todos que fazem parte desta pastoral; fazendo memória de dom Tomás Balduino, Dorothy Stang e tantos leigos e leigas, bispos e religiosos que cumpriram sua missão terrena e doaram suas vidas por justiça, reforma agrária, cidadania e vida plena para todos os trabalhadores e trabalhadoras do campo.

PAZ na Terra.

PAZ para a Terra.

PAZ para os filhos e as filhas da Mãe Terra”.

Toninho Ribeiro – Comunidade São Francisco de Assis

BR 230 – Rodovia Transamazônica – Pacajá – CPT Pará

 

  

 

“Nossa querida CPT – 39 anos de bela existência!!! Bela justamente por se fazer solidária, companheira de luta dos camponeses e camponesas do Brasil. Luta justa, digna, evangélica, por terra e território, por água, por direitos, por vida. Casa de tanta gente bonita, que não teme a perseguição, que tem consciência de sua missão e que, mesmo diante de tanta dificuldade, insiste em acreditar na esperança, na resistência, na memória de Jesus de Nazaré e de tantos companheiros e companheiras. Sou feliz por fazer parte desta história, enquanto eu existir e enquanto existir a CPT. ‘Luta sem festa, derrota na certa. Festa sem luta, vitória falsa’ (Carlos Mesters). Nossa festa hoje é verdadeira, porque é a festa da luta!”.

Thiago Valentim – CPT Ceará

 

  

 

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